inventário

21/12/2010

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No final do ano muitas empresas fazem inventário patrimonial, fecham para balanço. Em nossas vidas não é possível fechar, porém, ainda assim podemos parar um pouquinho para (re)avaliar o ano. O meu saldo? Bem, creio que não posso dizer que vou sair no vermelho, pois um ano a mais é sempre somatório, ainda que as experiências não tenham sido agradáveis.
Trago apenas a sensação de que eu poderia ter fechado mais a boca e só porque ter-me-ia sido mais útil. Nem todas as pessoas entendem palavras claras ditas por metáforas;
Poderia ter chorado menos e isso tem forte relação com as minhas escolhas. Escolhi ser adulta quando ainda carrego muito de menina... e o estrago foi tremendo.
Poderia ter me divertido mais, mas pensei que isso era somente para as pessoas felizes e deixei sempre para amanhã, e depois, e depois.
Talvez tivesse sido menos ingênua, mas não percebi quando, em alguns momentos, a sinceridade das pessoas estava presente no tom de voz, no olhar evasivo e em palavras mal colocadas.
De repente eu pudesse ter mentido menos para mim, fingindo que tudo no final daria certo. Nem sempre dá e isso é natural.
Quem sabe eu não devesse ter dado minha opinião, pois, muitas vezes o que interessa às pessoas é ouvir o que lhes convém e não o que é necessário ser dito.
E pior,
para minha defesa, meu único advogado devem ser minhas atitudes. Nunca, em hipótese alguma devo sequer imaginar que as pessoas ao meu redor terão a sensibilidade de compreender que eu só preciso de apoio, uma mão que se estenda e passos que caminhem ao meu lado.
Descobri da forma mais dolorida que amigos de verdade não se fazem em certos locais e que, às vezes, a minha entrega será vista como burrice.
Por isso... como lagarta, entro no meu casulo e espero que a fase da metamorfose me transforme numa bela borboleta, que se lançará em outros horizontes e possa, enfim, sentir-se feliz por não ter desistido de passar pela dor de formar asas.

Estudar e buscar palavras

19/11/2010

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Ao estudar para ter bagagem que me permita escrever meu trabalho de conclusão me deparo com palavras que ainda não internalizei. Algumas eu já busquei em dicionários, outras são novas. O certo é que para algumas palavras apenas o uso pode fazer com que eu me lembre delas em outro momento. E aí vem a necessidade de usar o dicionário. Sim, eu ainda uso, seja virtual ou impresso. E as palavras que me intrigaram hoje foram duas, que nem sei se usarei daqui um determinado tempo, mas o que custa saber e tentar não esquecer o significado? (O difícil pra mim é lembrar de conceitos e palavras lidas, mas eu tento).

Eis as palavras (ambas acepções retiradas do Dicionário Michaelis Online):
teleologia
te.le.o.lo.gi.a
sf (téleo+logo2+ia1) 1 Filos Teoria das causas finais; conjunto de especulações que têm em vista o conhecimento da finalidade, encarada de modo abstrato, pela consideração dos seres, quanto ao fim a que se destinam. 2 Dir Estudo especulativo da causa, da essência, alcance ou fim das normas legais. 3 Biol Interpretação das estruturas dos seres em termos de finalidade e utilidade.

obliterar
o.bli.te.rar
(lat obliterare) vtd 1 Fazer desaparecer pouco a pouco, mas deixando alguns vestígios; destruir com o uso; expungir, suprimir: O tempo obliterou os caracteres da inscrição. vtd 2Fazer esquecer: Nada lhe obliterará os feitos. vpr 3 Apagar-se o que estava escrito: Obliterou-se a legenda do quadro. vtd 4Obscurecer: O vício oblitera a razão. vtd 5 Macular de caso pensado: "Obliterar um selo" (Laudelino Freire). vtd 6 MedFechar, tapar (canal ou cavidade), obstruir: Obliterar um orifício. vpr 7 Med Fechar-se progressivamente (canal ou cavidade): O canal obliterou-se. vpr 8 Extinguir-se, ficar esquecido: Estranho ritualismo, que se vai obliterando.

E por fim, uma lembrança da ponte sobre o Rio Uruguai, na fronteira Uruguaiana - Paso de los Libres... E sim, eu esqueci de levar a câmera, então a foto é de câmera VGA do celular... Ao menos a intenção foi boa, não é?


Sem título©

11/11/2010

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Envolver-se emocionalmente, dizem, é complicado. Não sei se é mesmo, talvez não seja. O complicado é encontrar alguém que tenha as mesmas intenções que nós. Isso não é privilégio das mulheres, pois sei que acontece aos homens também. Provavelmente, eu já tenha decepcionado alguém que esperava de mim o que eu não podia destinar.
Às vezes, nós estamos apenas um pouco cansada, desiludidas, mas como outro dia disse no twitter, desilusão até é bom porque derruba ilusões, penso que não estou tão mal assim... O difícil mesmo é acreditar que alguma coisa pode acontecer. Torço para que as outras mulheres não se decepcionem tanto quanto eu nem abram tanto espaço para o sofrimento em suas vidas como eu fiz.
Foi por pressão psicológica de um lado ou de outro, mas sempre tomei decisões equivocadas. Isso é privilégio meu? Não, sinceramente, não. Acontece que algumas pessoas (como é o meu caso) levam muito mais tempo para aprender a agir corretamente com seus próprios sentimentos. Quisera eu que certas histórias não se repetissem, que eu não magoasse pessoas que não merecem mesmo sem ter intenção de fazê-lo. E, pensando bem... Melhor começar a ouvir os conselhos que tenho dado às amigas, em especial, à @Deisi_Costa...
E, então, agora é hora de recomeçar. Escolher o melhor dentre o que não entendo como melhor.  

Tudo porque não estás aqui

12/10/2010

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Eu queria que o sol tivesse o mesmo brilho de quando o verão enche a praia de cores e sorrisos. Então eu não pensaria na falta que me fazes a cada partida, levando junto brilho do sol como em um entardecer.

Eu queria que a lua tivesse sempre o mesmo clarão de quando está cheia e encanta os apaixonados que caminham sob o manto de estrelas que cobre o céu. Então eu não pensaria na falta que me fazes a cada telefonema que não posso dar, como o som que a chuva deixa, apenas a sinfonia das gotas de chuva a fazerem-se o som da minha noite vazia. 

Eu queria emprestado o perfume que as flores emprestam à primavera e ornar de cores meu quarto e todo espaço que se enche com a lembrança do teu olhar. Então eu não pensaria no vazio que preenche cada canto que deveria estar repleto de cores vivas.

Eu queria a canção de amor mais bonita que existe no mundo para quebrar o silêncio que se faz tão assustador e frio neste fim de tarde em que não estás aqui. Então eu bailaria como pluma no vento, suavemente por todos cômodos da casa, sem sentir meu corpo cansar.

Eu queria os acordes do teu violão... Então eu entenderia que a música é a voz da alma dizendo em notas e tons que a beleza do amor se faz pela presença, não pela falta e te sentiria mais forte, porque estás em mim, em meu pensamento.

Eu queria o toque da seda pura em minha pele, um toque que acalma o desejo e logo depois o reacende. Então eu me sentiria flutuar no mundo dos meus sonhos... todos aqueles sonhos que nunca ousei sequer imaginar.

Eu queria o nome do teu herdeiro, o rostinho dele em meu colo. Queria encontrar a paz desse ritual de mãe a afagar um filho sob o olhar de ternura do pai. Então eu esqueceria que houveram dores até chegar esse momento de encantamento recíproco.

Eu queria teu abraço ao acordar assustada em plena madrugada, sentir a força protetora que existe neste toque. Então eu saberia que sempre estive esperando por esse momento e que ele, enfim, um dia chegou.

Eu queria a alegria de reencontrar a esperança perdida, adormecida em virtude de tantas quedas, poder saber que meu olhar no horizonte não está só, que há um outro olhar ao meu lado, a mirar na mesma direção... a contemplar o mesmo sol se pondo e que neste instante me faz acreditar em milagres. Então eu não precisaria sentir o aperto forte, o nó na garganta que me faz chorar... tudo porque estando longe de meus braços o vazio me faz pensar inda mais em ti... tudo porque não estás aqui.  



Ao terminar o texto estava ouvindo. Se quiser ouvir também, vai lá... 

achados

10/10/2010

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Guardando um material do 1º semestre encontrei dois textos que escrevi (enquanto me distraía das aulas). Estão abaixo: 

Longe da espera que traz a noite
Vou compondo versos de silêncio
Como encantada por teus olhos
Que me lembro agora, como ontem

Venho da distância do passado
Na incerteza do que virá por ti
Refazendo o caminho de volta
para um sentimento que nunca perdi

Sinto a saudade inda inquietante
No 'galopar' sôfrego das horas
Permaneço calada por mais um instante
Enquanto fica a lembrança que aflora

A noite faz-se espera de calor
Para uma vida inteira
E chega devagar com teus passos
Assim, como da vez primeira.
(15 de junho/2007)



 


JOGOS

Esta é a grande e ilógica verdade
Nem sempre se perde
Não há jogo sem vencedor
mas, sei perder de mim
a razão do que não sou

Entre histórias quase esquecidas
engavetadas no fundo da alma
há derrotas de um passado
em que não houve um perdedor
e aquele que ganhou
da vitória não sentiu sabor

Não há sentido nem razão
de repende quem perde é vencedor
pois, das dores que amortecem
os sonhos do coração
restam-me lembranças
que nunca me deixam
e se não tivesse essas lembranças
saberia que teria vivido em vão

E neste jogo sem jogador
não há velhas histórias
Tornam-se novas quando retornam
num relance da memória
e de todas as minhas derrotas
não me perder de mim
foi minha maior vitória...
(22 de junho/2007)


Difícil caminho de amar...

27/09/2010

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Um quarto vazio... e uma cabeça povoada de dúvidas, angústias, sonhos, esperança. Uma alma inquieta que se diverte com o canto dos pássaros, com a viva cor das flores e com as imagens que só a primavera sabe proporcionar. Um silêncio que invade num turbilhão de emoções e vai se recompondo em uma melodia perdida... notas quase esquecidas de uma sinfonia que embalava o coração nas tardes de solidão. Meus passos não têm rumo certo, meu olhar não tem o mesmo brilho de tempos atrás, minha voz já não sabe chamar nome algum nem meu pensamento se sente tranquilo quando arrombado por lembranças que hoje se fazem inúteis. Os ventos cantam por todos os lados, se fazem ainda mais fortes se comparados com minha certeza. Entram pela casa, visitam todos os cômodos, se acomodam, se aninham em meu leito, me chamam como em uma súplica, como em uma tristeza replicante das verdades que perdi.
Meu olhar... ah, meu olhar. Este está perdido e já nem sei se quero lembrar onde foi que deixei o pouco que me restava de ilusão, porque as ilusões perdidas são cortinas que caem, são máscaras que antes escondiam a verdadeira face do bem ou do mal. Minha voz... ah, minha voz. Emudecida está porque não tem mais belas palavras a pronunciar. São tantos assombros de soledade que um só ruído faz acordar o dragão da tristeza que adormece nos porões da alma. E minh'alma... oh, o que dizer de minha alma? Que está aqui, inerte, sem ter solução para o medo? Esse velho inimigo (ou amigo) que me acompanha, que guia meus passos toda vez que penso estar em uma nova história, em uma nova trajetória. Ele que detém todas as informações sobre o caminho a seguir, que tem o mapa e lembra de memória por onde devo deixar de ir, mas não me conta, jamais.
É com o medo que convivo... é do medo que me escondo, mesmo que ele sempre me encontre. É com o temor dilacerante que digladio sempre e que, certamente, perco todas as batalhas. Só não perco aquelas que abandono em pleno transcurso. Só não perco as lutas que abandono... mas, abandonar não é vencer. Seria então perder?
Meu coração está confuso... melhor dizer que confusa estou por completo. O que depende de mim não depende só de mim. O que devo fazer precisa de aceitação de um outro, de alguém a quem dirijo meu pensamento. Ninguém disse que viver seria fácil, também não contaram nada sobre as feridas que ganharíamos nem mesmo que teríamos que cuidá-las sozinhos, porque não teríamos quem delas cuidasse. E sempre entramos nestas ciladas, nestas que assolam o medo e que, ainda assim, o fortalecem. Estas armadilhas do amor, que nos chegam sem que peçamos, sem que tenhamos a sã consciência de estar acontecendo, mas avassala tudo e como avalanche ou enchente arrasa tudo que vê, derruba toda barreira que encontra sem que possamos perceber que estava prestes a chegar. Não há como descobrir o dia, a hora exata... não há como escolher nem mesmo como fugir. Não existem trincheiras que nos escondam, que nos protejam daquele que nos faz tão doídos e tão felizes ao mesmo tempo. É... amar é, contraditoriamente, uma guerra na qual não temos nem queremos ter armas para vencer, ainda que morramos de medo de perder. Sim, amar é tão bom e tão complicado que nem mesmo os mais céticos deixam de acreditar em sua existência.  

De volta aos antigos valores

22/09/2010

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Outro dia pensei em escrever sobre o assunto, mas a ideia amornou até esfriar e deixei. Acontece que vi, no telejornal da manhã, mais um episódio, que fez voltar à mídia e à minha memória sobre o tema para a minha redação.

Futebol não é, definitivamente, meu forte. Aliás, não saberia responder que assunto seria. Apesar disto, lembro que dar opiniões, mesmo que inconvenientes ou inoportunas, são da natureza humana e aqui a minha nada humilde contribuição ao Caso Neymar. É, esse assunto que há alguns dias vem tomando conta das discussões sobre o esporte ou, mesmo, sobre educação. Educação? Que educação? Já nem sabemos o real significado da palavra e preciso pedir desculpa aos filólogos, mas não entendo nada sobre a origem e a evolução do termo.

Deveríamos pensar “ah, ele ainda é um menino”? Sim, ele ainda é um menino. Ainda brinca com outros meninos na Vila, jogam futebol como qualquer outro menino do meu bairro, fazem piruetas, coreografias, fazem roda de pagode, toda estripulia própria da idade de meninos, com a diferença que possuem uma conta bancária milionária para isso. Esta é a diferença?

Há algum tempo atrás (e isso não é discurso saudosista, não) os meninos respeitavam os mais velhos, diziam “sim, senhor”, “obrigado”, “com licença”, “por favor” e não creio que na vida adulta mudaram os seus conceitos sobre respeito. Pode ser que hoje haja uma inversão de valores, uma liberdade excessiva que a mídia acredita ser liberdade de expressão, esquecendo, obviamente, do direito do outro.
O Neymar foi punido com 15 dias de suspensão. Pediu desculpas por meio da imprensa. O técnico do Santos foi demitido... com ou sem justa causa? Isso seria retaliação por ele não ter gostado da atitude do menino? As pessoas têm dito que é malcriação de menino, mas eu sei que é de pequeno que se faz o caráter do adulto, fosse diferente não se nasceria tão pequeno.

É, percebo que os tais valores que antigamente eram repassados de geração a geração e reforçados em uma disciplina de Educação Moral e Cívica (lá pelos finais dos anos 80) podem até parecer antiquados, mas eu gostaria, de verdade, que igualmente às roupas e sapatos, alguns antigos valores morais voltassem a desfilar pelas passarelas da vida, como algo que a juventude visse e se atrevesse a usar, afinal de contas, que jovem não gosta de andar na moda? O Neymar está na moda, mas suas atitudes já estão ultrapassadas. Ser talentoso no campo não dá direitos de esquecer que, como figura pública, serve de inspiração para tantos meninos e meninas que estão formando seu caráter. Seguirão estes modelos? Desviarão dos modelos que muitos de nós gostaríamos de ver?


Ser crítico não é usar a crítica para agir de forma tresloucada, desvalorizando o ser humano, desrespeitando-o. Como futura professora, acredito que aquele discurso de “formar cidadãos críticos e conscientes” não é deixar que o desrespeito seja visto como a formação do ser humano.

É urgente uma mudança de valores, uma volta ao passado que não seja encarada como retrocesso. Uma nação que queira crescer de verdade, desenvolver-se economicamente, deve pensar antes de tudo em desenvolver-se culturalmente. Largar de mão essa cultura de dizer “ah, ele é menino, com o tempo aprende”. Não creio que o tempo ensine quando não há bons exemplos a seguir.  

Uma tese é o quê?

11/09/2010

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Uma das leituras para começar o meu projeto do TCC é a seção 1 do livro Planejar Gêneros Acadêmicos (Editora Parábola: veja informações). Esse texto traz a crônica Uma tese é uma tese, de Mário Prata. Bastante engraçado, embora trágico também. É de se pensar no tempo gasto (ou perdido) em um trabalho como esse. Nas coisas que se abdica em função da pesquisa para a escrita da tal tese, no medo da banca (que em espanhol chama tribunal) que vai analisar, julgar, encher de perguntas e o pesquisador lá, com um nó na garganta defendendo, suando frio, querendo pular no pescoço do julgador por ter feito aquela pergunta tão massacrante. Já não bastava o tempo de pesquisa, as noites em claro, a correria para cumprir os prazos, tinha que aparecer alguém para questionar de maneira tão pesada?

É... não é fácil, "minha gente querida" (como diria um ex-prefeito de Bagé). Antes de se pensar na apresentação tem o projeto. Não pense não que é mais fácil, por ser apenas um projeto, algo que ainda está a ponto de ser o que ainda não é. Deve-se escolher o tema, saber se não é algo já pesquisado, procurar o enfoque do trabalho, decidir os objetivos, procurar o referencial teórico, organizar o cronograma, detalhar as partes do projeto, argumentar os motivos que o levaram a escolher este e não outro tema, e saber justificar a relevância do trabalho para a comunidade científica. Até aqui tudo bem? Então seguimos. 

Depois, vem a apresentação do projeto. Também para uma banca examinadora. Se a banca não aceitar, nada feito. Isso tudo antes de correr atrás da pesquisa propriamente dita, porque projeto não aceito não gera TCC (ou monografia como queiram). Ah, há uma diferença aqui: o tcc é o trabalho de conclusão do curso como um todo e pode gerar uma monografia ou um artigo, no nosso caso particular da Unipampa. Assim: prepararemos o projeto de pesquisa, sairemos em busca de dados para analisar e depois produziremos um trabalho acadêmico/científico apresentando os resultados e este pode ser um artigo ou uma monografia, que nada mais é que um trabalho um pouco mais extenso que o artigo apresentando os dados da dita pesquisa. Parece simples? Parece difícil? Nem sei mais. Só sei que preciso produzir... perguntas de pesquisa, objetivos, hipóteses talvez, instrumentos de coleta de dados para, quem sabe um dia, defender uma tese, essa sim, de doutoramento, mas sobra a pergunta: para quê? Dúvidas e mais dúvidas. Continuarei com elas por um tempo. Pode ser que um dia se dissipem. E como em uma oração: Amém. 

E no final...

26/07/2010

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Esta noite fechamos o semestre. Relatos sobre a experiência de estágio. Muitas dúvidas, muitas reflexões. Bastante relevantes para tudo, incluindo-se a formação profissional, a formação pessoal.

É sempre bom ouvir a Débora falando, tem uma propriedade incrível, faz pensar em como seria bom se eu tivesse um pouquinho da capacidade que ela tem de expressão. Toda vez que vou falar sobre algo, seja lá o que for, me enrolo, fico insegura, as ideias fogem, as palavras esquecem de comparecer. Por isso a escrita, por vezes, é o meu ambiente seguro, porque dialogo comigo e isso não é loucura minha. Para saber mais: Benveniste.

O projeto da Luísa tinha como base o livro “O pequeno príncipe” e nisto eu me lembro da citação: Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante. (Leia mais). Está presente na obra de Antoine Saint-Exupéry e traz à minha mente a sensação de que com o tempo que passamos na Universidade, sejam quatro ou cinco anos, vai formando laços, as teias como apresentou a Maria Eugênia (atividade feita em seu estágio). Laços que se fortalecem com o tempo e se transformam em amizades, quase sempre.

O Thiago falou dos desafios lançados pelos alunos, que muitas vezes querem provocar uma reação nos professores, uma reação que demonstre que se sente inseguro. Uma reação qualquer que deixe transparecer ao aluno que algumas bases se desestabilizaram. Que sim, conseguiram de algum modo abalar o professor.

O Eduardo citou no relato dele o fato da aula ter sido específica para aquela turma. O que ele deixou bem claro, porque a visão de quem está fora do cenário pode não ser a mesma daquele que está lá. Se eu devo planejar minha aula, eu sei para que público estou planejando. E o relatório deu um cansaço neste rapaz. Muito café. Enfim, o trabalho estava lá, impresso, encadernado, pronto para ser entregue. E olha que no outro estágio ele não tinha gostado da história do artigo, já agora ele preferia o artigo ao relatório. Pois é, as concepções amadurecem, outras continuam as mesmas como disse a Débora.

A Eugênia, que tratará sobre necessidades educativas especiais no TCC, falou sobre a heterogeneidade de uma turma. Em geral, sem que haja em sala um aluno portador de NEE. E me dei conta que em certos momentos dentro da própria universidade alguns de nós (ditos normais) sentiram (ou sentem-se) excluídos por N motivos. E melhor nem começar com a lista de motivos.

A Deise mostrou que a responsabilidade de estar em determinado local em um determinado momento faz com que a pessoa viaje aproximadamente 90km para relatar sua experiência, para depois ir direto para a rodoviária tomar o primeiro ônibus de volta à sua cidade após ter cumprido sua obrigação. Também falou da necessidade de o professor ter o que se chama feeling, um olhar humano do professor para seu alunado. Lidamos com pessoas, não com números e era isso que deveriam todos pensar.

Esta noite fecha o 7º semestre e encaminha-nos ao 8º. E ficam as palavras do Dilmar, que começou o relato contando sobre um treinamento do exército e disse que sentiu que neste estágio teria tudo para “afundar”, mas seguiu em frente. O que mais me marcou na fala dele foi o que às vezes eu me paro a pensar, o fato de que os melhores alunos do curso podem nunca chegar a lecionar. O mestrado e o doutorado é futuro dos brilhantes. Nós, os sem brilho, ficaremos com o árduo trabalho de descobrirmos novos rumos para a educação. Se chegaremos a um destino incomum e brilhante é uma incógnita. Resta-nos esperar. Afinal de contas os dois últimos semestres estão chegando (ou não – comentário que às vezes usam lá na aula).

Mas, saindo de lá comecei a lembrar e a ideia de escrever sobre isso vinha chegando forte, como enxurrada que leva tudo sem pedir licença. Lembrei dos quatro anos de pedagogia. Pois é, sou pedagoga e faço uso nenhum do meu diploma. Não que eu não queira, faltou-me um concurso, pois...

Voltando ao tema, penso que não há como esquecer determinadas situações, alguns comentários. Um que ficou gravado foi-me dito no estágio passado, de que eu precisava me organizar. Sim, pensei. Talvez eu fosse mesmo, mas creio que foi um equívoco de expressão minha e fui mal interpretada. Certo, nesta prática procurei não cometer o mesmo erro e, apesar de ter perdido boa parte do material porque o pendrive deu problema, entreguei meu portfólio com todas as informações possíveis, todos os vídeos utilizados em aula, minhas aulas que sobraram (as que a regente não pediu), os textos, o livro e tudo o mais que tinha usado. Prometendo que nunca mais ouvirei alguém me dizer que sou desorganizada.

Passei quatro anos em uma universidade estadual, colei grau em um janeiro há quatro anos, e logo depois ingressei em uma universidade federal. Panoramas um pouco distintos, mas nem tanto assim. E as pessoas que lá conheci continuam a ser as mesmas pessoas. Só não mais as vi. Estão no quadro e no convite de formatura, mas não estão no meu cotidiano. Continuam na minha história e isso será para sempre. Posso esquecer seus rostos, sua voz, mas estão lá, em algum lugar do passado.

Por isso, hoje, rumando para o 8º semestre começo a perceber que por faltar apenas dois para o final, certos laços precisam afrouxar um pouco. Não por displicência ou por falta de afeto, mas por desapego mesmo. As pessoas estão em nossas vidas como momentos, flashes que ficarão na memória, saudade... e noto que já estou começando a sentir saudade dos meus colegas. Um ano antes do baile de formatura, um ano antes do diploma e da valsa, um ano antes de tudo acabar para dar espaço a um novo começo.

Quatro anos e meio. É o tempo que dura para as relações se estreitarem. As angústias dos estágios, dos trabalhos, das apresentações de seminários e/ou em eventos serem compartilhadas. É o tempo para acontecerem alguns contratempos, reclamações, exclusões, abraços, aplausos. O palco ainda está iluminado, a plateia ainda está esperando a última cena e antes de fecharem-se as cortinas começamos a nos prepararmos para a tão temida defesa da monografia. Melhor pensar isso depois do recesso... melhor não esperar para pensar nisso. Um ano passa voando...

E no final...
Bem, no final o que restam são só as lembranças.

Obrigada turma.

Juzgado de la impaciencia

09/07/2010

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          Mientras el sol brilla imponente e imperial en el cielo muchas monarquías se caen en el suelo. Monarquías del egoísmo, de todo aquello que se juzga diferente. Todo mientras el sol calienta la tierra y el aire huele a verano aunque sea inverno.
          En una tarde como cualquier otra y sin que se pueda decir que no es un bello día. Gente por las calles, viviendo en un mundo interior, sin saber de donde vienen tampoco adonde van. Ojos ciegos, miradas a la nada. Palabras sueltas en la mente que no les dejan cambiar el camino.
         Yo veo todo eso en mi tonta imaginación que me hace pensar cosas tan absurdas em las cuales viajo sin conocer la dirección.
         Somos todos piezas de ajedrez. Somos todos impacientes. Todos intentando proponer nuestras historias a la gran historia. Somos locos que desconocen la locura. Mientras el sol brilla y bailan en el cielo pájaros la dulce melodía de la vida.
         Queremos no perder, pero no sabermos que juego empezamos, tampoco sabemos el premio que deseamos lograr. Personas que se van y vienen, impersonales como números de registros oficiales.
          Solemos juzgar al prójimo, sin excesiones. Juzgamos su cabello, su voz, su manera de caminar, su ropa, la casa donde vive, los amigos que tiene, el tiempo que gasta trabajando, el tiempo que usa para divertirse. Solemos juzgar sin medidas, aunque las medidas puedan no ser tan exactas.
          Juzgamos su dolor por no tenermos paciencia para enjugar sus lágrimas. Juzgamos su risa por desearmos su alegría. Llegamos hasta a juzgar su vida por compararnos a la nuestra. Solemos comentar que aquel o aquella no merece todo que ha conquistado por pensar que ellos no hicieron el esfuerzo necesario para alcanzarlo.Cuando alguien trabaja juzgamos sus horas libres, cuando no tiene empleo juzgamos su tiempo sin trabajar diciendo que es un holgazán.
         Todo gira a nuestro alrededor. No tenemos paciencia para salir de nuestra condición de jueces del ajeno. Tampoco nos recordamos que también somos evaluados por muchas y distintas miradas.
         Mientras el sol empieza a caer en el horizonte se caen nuestros disfraces. Olemos la noche que llega y pensamos que la poner nuestras cabezas en la almohada estaremos libres de la sentencia, de las cárceles en que pusimos nuestras almas. La cárcel que detiene la humanidad en el juzgado de la impaciencia.

09 de julho/2010

Aula 09

19/06/2010

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11 de junho
sexta-feira – 02 horas/aula

Sexta-feira e os dois últimos períodos de aula. Já se imagina que estarão todos agitados.
Hoje foi o dia da visita da minha orientadora. Dia de avaliação minha, ansiedade maior da minha regente. A primeira vez que fiz estágio em turma dela também foi a primeira vez que ela teve estagiário. E agora que é de prática e é preciso observação do orientador de estágio foi novidade para ela. Mas, creio que depois ficou tranquilo.
Quanto a mim, tentei não demonstrar insegurança, mas a sensação de ter alguém na sala para avaliar a forma como atuamos na função de professor.
Cada passo, cada palavra, gesto ou olhar que damos parecem estar condicionados à presença de alguém ali. Depois de certo período relaxamos um pouco, mas ainda assim continuamos a pensar se estamos fazendo as coisas “certas”. (Entre aspas porque certo e errado são conceitos demais abstratos e relativos).
Com a professora titular na sala eu não me sinto insegura. Ela é uma pessoa tranquila e trabalhar nas turmas dela é bom. Ela não interfere na nossa aula como em uma experiência que tive. Cabe contar para contextualizar. Uma vez, quando fiz estágio em outra escola, numa turma de 4ª série (2006), a professora interferia no andamento da aula. Queria que as perguntas tivessem resposta pronta nos textos e ficava falando na frente dos alunos que seria bom eu já preparar o conteúdo no caderno duas ou três semanas antes, como se uma aula fosse estático, além de decidir o que era para eu levar e me dar perguntas de memorização para passar aos alunos. Com isto, eu quero mostrar que hoje sinto muito tranquila na escola em que faço estágio, pois temos acesso à biblioteca e demais recursos que precisarmos, e voltando à titular da turma, ela foi muito receptiva à proposta.
Não sei se outra professora deixaria um estagiário entrar em sua sala e não sistematizar o conteúdo gramatical. Posso dizer que ganhei na loteira, porque a Cláudia permitiu que fizéssemos um trabalho diferente e quando ela me falou dos conteúdos esta semana não foi em tom de cobrança. Pareceu-me colaboração, disto sim posso dizer.
Agora voltando a parte de eu estar sendo observada. Dá a sensação de que sou muito insegura (e sou mesmo). Eu gostaria de ter melhores resultados nesta aula e outra vez o problema da conversa e agitação. Tenho um aluno que atrapalha a aula com quem quer se ele esteja fazendo trabalho. Há outro que o tempo todo fica de socos e pontapés. Assim não dá pra querer, né?
Levei folhas para os grupos formados na aula anterior. Imaginava (ingênua) que eles trabalhariam em conjunto melhor do que sozinhos, mas há quem faça o que se pede e quem nada faz. Havia nas folhas quadrinhas e pequenos poemas faltando palavras para eles completarem com palavras que rimassem. Eles levaram quase todas as duas aulas para a atividade e eu precisei interromper dizendo que escrevessem um poema do grupo. A ideia era de depois que terminassem passassem a outro grupo para que fossem avaliados pelos colegas. Eram seis grupos: consegui um poema bem elaborado e outro que pode ser melhorado. Dá 33% de chances. É neste percentual que preciso focar, uma vez que faltam apenas 02 horas/aula do tempo estimado para o estágio. Então, segunda-feira será dia de trabalho exaustivo.
Óbvio, não será em grupo. Talvez em duplas, mas ainda preciso considerar isto. Sobre os grupos de muitos integrantes minha orientadora disse que o ideal seriam grupos menores. Pois é, não existe uma receita de como dar aula, porque se houvesse uma que fosse estaríamos todos tentando aplicá-la e correndo o risco de errar, porque a heterogeneidade que compõe uma turma de determinada escola é o que basicamente diz que não há prática única para os mais diversos ambientes e formações sociais em que atuaremos.

O que me deixou contente foi a minha orientadora ter dito que em três semanas não há como eu me exigir todos os resultados que espero e, também, que tenho uma boa relação com os alunos, o que é bom, pois ajuda.
Na próxima semana preciso correr contra o tempo para a produção dos textos que farão parte do livro de poemas da turma. Se (sempre o se) tivesse havido mais comprometimento dos meus alunos com sua educação estaríamos com o trabalho adiantado, mas não. Como dizem, não se pode ter tudo que se quer, então o jeito é aceitar o que se apresenta. Com isto concluo que o tal CD com os poemas que ainda deverão ser escritos não vai sair.
Certas decepções de estágio e de primeiros anos de docência tendem a estragar nossa visão. Embaçam a vontade de mudar o mundo e isto não quer dizer que desistimos, somente que a esperança está enferma. Talvez se recupere, talvez morra. Tudo é questão de como será tratada a educação (em sentido amplo) daqui pra frente. Se bem que diziam isto quando entrei na escola, não é? Está piorando. E isto me entristece.


Aula 08

18/06/2010

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09/06/2010 - quarta-feira - 02 horas aula

   Seguindo as orientações, hoje pedi à turma que se organizasse em grupos. Antes de pedir a escrita de quadrinhas entreguei folhas em branco para cada grupo para que fizessem perguntas. Deveriam ser 03 perguntas elaboradas por grupo. Depois disto passei as folhas a grupos diferentes para que tentassem responder as perguntas feitas pelos colegas. Notei a grande dificuldade de leitura e interpretação, pois de todo material que já vimos houve confusão na elaboração do proposto. Uma das alunas perguntou se as perguntas do seu grupo serviam, mas quando vi entendi que eles se confundiram. Mostraram-me duas questões que retiraram ao poema Nome da gente (de Pedro Bandeira), questões estas que faziam parte do texto, mas que não teriam uma resposta. Daí eu pude compreender que preciso “cutucá-los” para que encontre os vazios do texto (ISER, 1996) e a partir disto buscarem maneiras de responderem àquilo que lhes parece mais difícil.
   Disse a eles que tentassem responder às questões e deixassem em branco aquelas que não conseguissem encontrar uma forma de fazê-lo. Para as que ficaram em branco vou analisar e responder a eles em outra aula.
   Finda a primeira parte da aula, partimos para a escrita de quadrinhas (no quadro, pois faltou tempo de cumprir o previsto para a aula do dia 07). Noto que é necessário instigar essa turma. Falta-lhes jogar com as palavras, desacomodarem a visão de que a aula de Português é para memorização de regras gramaticais e cópia de conteúdos e exercícios do quadro. Sim, é claro que deve-se sistematizar os assuntos e exercitar seu uso, mas a escrita precisa ganhar espaço, principalmente porque é o USO DA LÍNGUA. Através da produção textual o aluno poderá verificar os usos gramaticais e a ortografia.
   Sei que para o que eu gostaria é preciso tempo e o estágio vai, apenas, cumprir uma pequena parte do ano letivo. Então o único que eu espero é poder semear uma ideia: mostrar para minha turma que ler poemas é um bom começo para serem bons leitores.
   O trabalho em grupo não diminuiu a conversa, mas serviu para os alunos pensarem um pouco sobre o tema central do meu projeto: o poema. Surgiram dúvidas pontuais, as quais tentei ajudá-los em cada grupo. E aqui seguem algumas delas:
  • A primeira a dizer não é bem uma dúvida e, sim, uma observação que faço sobre o problema que apresentaram para elaborar questões. Precisei intervir em todos os grupos dizendo-lhes como, mais ou menos, precisariam agir sobre os textos que têm no caderno. Foi necessário conversar com eles a respeito do que eu esperava que fizessem.
  • Um dos grupos fez a pergunta “O que é fragmento de uma poesia?”. Neste caso percebo que eu vou ter que explicar-lhes o significado da palavra fragmento. Não expliquei sobre ela no dia em que a usei, até porque ninguém perguntou. Pode ter sido falta de sensibilidade minha não fazer, mas eu não teria como saber se conhecem esta palavra.
  • Outro ponto a esclarecer com a turma na próxima aula é sobre uma pergunta que este mesmo grupo fez: “Quem foi o maior poeta brasileiro?” O grupo que respondeu as questões confundiu poetas portugueses e brasileiros, mesmo que eu tenha contado que Fernando Pessoa e Florbela Espanca são portugueses. Também ficou confusa sobre essa questão a ideia de que haja um poeta de maior relevância para a Literatura Brasileira. Sobre isto preciso aclarar os pontos de vista.
  • E para terminar as dúvidas pontuais quero citar a pergunta que me fez um aluno. Queria saber o que é o eu-lírico, e tivemos uma boa conversa sobre o tema. Não foi um ato de explicação apenas. Foi um intercâmbio de pensamentos, onde eu expunha a respeito e ele ia compondo o significado com suas respostas, com os conceitos que ia criando. Foi um momento em que eu me senti muito feliz.
   Outro momento especial da aula de hoje (e comentei com minha regente) foi quando dentro de uma explanação para dois alunos (não lembro agora a pergunta) o assunto foi encaminhado até eu contar sobre Os Lusíadas e A Ilíada. Ah, lembrei, a pergunta era sobre quantas estrofes pode haver em um poema. O interesse que eles demonstraram em ouvir foi bastante confortante, mostrando um caminho que eu gostaria de ter encontrado no início do meu estágio. Tudo bem, dá tempo para tentar corrigir meu erro nas próximas aulas. Encontrei um modo de fazer interessante o que falo em aula. Ao menos com essa turma. Sendo mais exata: com alguns alunos.
   O que me intriga é o fato de sendo uma única pessoa me transformar em várias par conseguir me adaptar a certa situações em aula. Viro atriz, contadora de história, cantora (talvez), investigadora, perguntadora, historiadora e até palhaça, por que não? Há momentos em que até nisto nos tornamos, porque precisamos encontrar caminhos que façam nossa aula algo mais atrativo. Mas, é isso. Se precisamos, fazemos, ou ao menos tentamos.
 
Referência:
ISER, W. 1996. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. São Paulo, Ed.34, 191 p.
 
P.S.: Existem perguntas que serão sempre um ponto de interrogação, pois não existe uma receita exata para dar aulas. Fica tudo na intuição. Em colocar em prática teorias que baseiam nossos pressupostos e nos ajudam a refletir sobre o objeto de estudo. Às vezes penso que o mundo está virado de pernas pro ar, usando metáforas, porque o mundo jamais teve pernas. Mas, é o seguinte, eu posso ser sonhadora, uma idealizadora insana que acredita ser capaz de plantar uma semente no terreno (in)fértil que é o da educação. Os papéis parecem invertidos: professor tem pouco direito a voz, aluno com direito a não pronunciar uma única palavra. É tão louco isso, lembrar que os alunos de hoje serão os trabalhadores, políticos, médicos, advogados, etc. de amanhã. Quando penso nisto me assusta imaginar que por mais que tenhamos boa vontade notamos uma juventude sem vontade de ser melhor como ser humano, como cidadão. Grande parte da minha turma gosta de brincar o tempo todo, de jogar bolinhas de papel, dar soco no colega, falar bobagens, e quando se pergunta algo importante ficam com "cara de paisagem", fugindo de qualquer iniciativa de se começar um debae sobre um assunto que servirá para seu conhecimento. Sabe, é decepcionante ver alunos de 14 e 15 anos agindo como crianças de 05. Mais decepcionante ainda é ter em aula uma aluna de 14 anos, moça toda arrumada, filha de professora, que não leva a aula a sério. O que será que ela pensa para seu futuro? Da turma ela é a menina que tem as atitudes mais infantis. Uma turma composta de muitos iguais apesar de diferentes. Há os raros chamados CDF, há os interessados, há os desconcentrados e a maioria, os "To nem aí". Esse parece ser o futuro da educação. Infelizmente.

uma pausa por pura falta de tempo

17/06/2010

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Tive que dar uma pausa nas postagens dos diários reflexivos do meu estágio por pura falta de tempo. Toda vez que estou no computador preciso fazer outras coisas e não sobra tempo para digitar os textos, o que consequentemente, atrasa as postagens. No caderno estão todas bem atualizadas, mas como estas últimas (desde dia 09) são extensas, digitá-las vai demorar.
Comecei a fazer isso hoje, mas parei na metade, afinal de contas quero ir no minicurso da Semana Acadêmica. Prometo dar um jeito de digitar o restante e postar tão logo termine.
Ah, já terminei o estágio...

Bons ventos os levem onde desejam ir.

Aula 07

13/06/2010

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07 de junho -
Segunda-feira – 01 h/a

     A aula deste dia coincidiu com orientação de estágio. Então vamos aos relatos.
     Como venho tendo aulas mais cedo, não tinha certeza se seria mesmo no 5º período, então fui para as 13h30min. Bom, o horário seguiu-se normal, deste modo fui para casa. Não quis ficar por lá até o horário que ia dar minha aula.
     Voltei para a escola uns 25 min. antes do 5º período. Fiquei na sala de professores esperando, então a diretora entrou lá, depois a vice-diretora do turno da manhã. Uma menina parou na porta da sala a esperar e um menino entrou, sentou. A diretora disse para ele esperar, que já iria falar com ele. Neste momento saí da sala porque imaginei que a conversa deveria ser em particular. Há rotinas nas quais o estagiário não faz parte. Creio que esta é uma, pois notei o silêncio e o desvio, quando a diretora dirigiu-se à vice, entrando em um assunto diferente.
     Demorou a tocar o sinal para a minha aula e eu fiquei esperando em um lugar, em que há uma janela de frente para o pátio (bem, isso deveria ser visto por fotos, para ficar claro). Enquanto esperava percebi que meu pensamento se fundia com lembranças. Lembrava do meu tempo de estudante do ensino fundamental (naquela época 1º grau), na escola do Prado Velho. Já se vão mais de 20 anos que entrei na escola, que não tinha a estrutura física que tem minha escola de estágio. Também a lembrança de quando o CIEP estava em fase de acabamento, antes do ato inaugural (isto lá em 1992). Nesta época ia com minha mãe, que trabalha na escola.
     Meu olhar vagou pelo pátio e corredor, que se fazia ora silencioso, ora ruidoso. Do corredor onde eu estava (na escada) ouvia conversas de alunos, mesas arrastadas, professora pedindo silêncio. E lá fora, pátio vazio, com seus bancos amarelos, verdes e vermelhos; jogos de amarelinha e tabuleiros de xadrez nas curvas dos bancos. Uma visão pela qual me vem o pensamento inquiridor, querendo saber se no intervalo das aulas (o recreio) os alunos usam algum destes jogos. Poucas vezes observei o recreio e não me lembro se assim faziam.
     Será que em algum momento os alunos pararam para olhar a escola? Para notar a sua beleza? Já pararam para pensar que há momentos que poderiam sentar, ler, conversar, jogar? Uma pergunta em função de muitas vezes ter visto a correria deles pelos vários lugares da escola. Talvez nunca tenham feito, pois nem a Biblioteca eles frequentam.
     O sinal de troca de professores demorou a soar e eu esperava ali fora. De modo que podia ver o que se passava à minha volta, mesmo que nada ocorresse ao redor.
     Ao entrar na sala, ou melhor um pouco antes, deixei uns três alunos irem ao banheiro (sei lá se foram mesmo). A sala parecia vazia, mas era a falta das conversas dos que haviam saído. Tinha previsto/planejado produção de quadrinhas e como diversas vezes: NÃO DEU. Será que, como disse minha orientadora, é insegurança minha? O certo é que em 01h/a, que foi reduzida pelo atraso do sinal e dos ânimos agitados, parece nada.
     Agora eu preciso pensar em como fazer da minha aula um momento atrativo e por alguns motivos como: não dei exercício, poema não é um assunto a que estejam habituados e porque até agora eles não entenderam a função do meu projeto em sua formação. Mas, como conseguir tudo isso? A partir de quarta devo começar a parte da escrita dos poemas e não sei se dará efeito diferente. Tudo bem, todos esses diálogos e conflitos internos estão formando quem sou quem deverei ser após o fim e o recomeço... Digo fim pelo estágio e pela graduação, mas recomeço porque ser professor apenas com as ideias forjadas durante o tempo de faculdade dá uma visão encerrada, enjaulada no passado. Tudo está sempre em constante mudança, viver a cada dia é um novo viver. Prender-se a conceitos é arraigar e descobertas vulnerabilizam toda a sustentação do saber. A educação sistematizada no ambiente escolar não é a mesma da época em que citei aqui.
     Vejo diferente o modo como víamos os professores em nossa época de alunos. E parece que hoje os alunos dizem para nós o que velávamos, isto é, se não gostávamos da disciplina ou do professor isso não era demonstrado diretamente a eles. Também, hoje o professor não é mais um referencial com era há 20 anos, ou pior, como era há uns 30 ou 40 anos. Certo é que os alunos que os alunos tinham pouca liberdade de expressão, mas buscavam conhecer agora existe uma liberdade de expressar-se que ficou confundida com a possibilidade de conversar sobre tudo menos participar do tema proposto para a aula. E sei que é para este público que estou me formando, é para eles que deverei preparar-me.
     Já presenciei situações em que pais ou responsáveis por alguns alunos tiveram de ir até a escola para saber do mau comportamento destes e por fim acabavam justificando tais atitudes, diríamos que defendiam que estes alunos sejam de tal modo. Não sei até onde o professor tem autoridade, e quando digo isto, estou querendo dizer que a figura “professor” perdeu o direito de ser respeitado como se com a liberdade que os alunos receberam tivessem recebido também a possibilidade de destratar o ser humano que está para tentar ajudá-los no conhecimento.
     Não sei se há modos de que a sala de aula seja outro ambiente. Ao menos hoje é o que percebo. Já vi outras experiências diferentes desta e gostaria tanto que minhas aulas fluíssem melhor. Às vezes isto me frustra tanto. Parece que sou incapaz de ensinar, de transmitir os conteúdos, de gerar curiosidade, de instigar a vontade de meus alunos em aprender. Mas, provavelmente, tudo isto mude com o tempo ainda que eu jamais encontre respostas aos questionamentos que me faço.

Aula 06

10/06/2010

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Quarta-feira (02 h/a)

     A aula de segunda surtiu efeito nas meninas. Consegui ganhar a colaboração da Tainara, uma aluna que fala bastante. Ela disse que a aula foi ótima. Na distribuição dos poemas que levei hoje, quando a Tainara viu que o Pattryck tinha pegado o poema “Ismália” (Alphonsus Guimarães), ela conseguiu trocar com ele, dizendo que adorou o texto.
     O complicado de ser professor é conseguir a atenção dos alunos; consegui que eles gostem de estar mesmo tendo que estudar. Parece que acreditam que a escola tem outra função que não a de estudar. Tem momentos que eu gostaria de saber o que eles pretendem porque parece que eles não querem nada com nada, como se fosse inútil tentar dar aulas para eles.
     Agora já é tarde para rever minha escolha: tanto do local de estágio, quanto da profissão. Às vezes penso que sou muito sonhadora, pois noto que por mais que eu deseje uma aula “legal” parece que há cada vez mais obstáculos que me impedem de conseguir.
     É difícil sonhar, ter esperança na educação hoje em dia. Os alunos levam na brincadeira um trabalho que para o professor é sério. Se eu levo poemas para recitarem aos colegas em menos de 15 minutos começa a desordem, e olha que com duas professoras em sala eu esperava que fosse diferente. Os momentos em que ocorre o silêncio são unicamente quando se decide ditar para que copiem. Fora estes há sempre um conversando aqui, outro ali.
     De onde esperar que haja colaboração? Como pensar em uma aula em que os alunos participem sem que vire bagunça? Vivo me perguntando sobre isso. Os textos que falam a respeito mostram as dificuldades encontradas pelos pesquisadores. Parecem ter surgido de situações ideais.
     Não vou dizer que o resultado do meu projeto vai ser nulo porque há as raras exceções (e nelas incluo dois alunos que mais “bagunçaram” na primeira semana) dos que se interessam. Creio, também, que não perceberam que para fazer Literatura é da Língua Portuguesa que precisam, isto é, me parece que não conseguem notar a presença do Português nas aluas que tenho dado. Vou entrar na fase da escrita dos poemas individuais e por isso sei que vai ficar mais confuso ainda, pois vão andar perambulando pela sala. Tudo bem, eu ainda quero acreditar que ser professor é uma boa profissão, que é um ato de amoré de doação.
     Ainda não consigo saber como se faz um professor. De que práticas e de que pensamentos. Não vejo alternativas na educação de hoje. O professor não é mais respeitado, é visto como um adversário a ser batido em uma partida de futebol, já que estamos no clima da Copa. Vejo pais que precisam ir à escola porque seus filhos fizeram algo errado, mas lá, na conversa quem perde a razão é o professor. Os pais defendem seus filhos como se fossem super comportados.
     É triste que venhamos de várias de reflexões sobre políticas e práticas educacionais, sobre a necessidade de mudanças nos paradigmas pedagógicos e nos defrontamos com um quadro de total desrespeito com o ser humano professor, porque embora sejamos vistos como os responsáveis pela quebra da descontração e da conversa, ainda somos os que deveriam orientar, ou melhor, mediar o conhecimento a que se expõem os alunos.
     Sobre hoje: a primeira hora/aula foi boa. Também pudera, foi o momento de ditar. Mas depois, quando fui montar o próximo passo da aula, que era a leitura e escuta de poemas e posterior verificação das rimas e outras características dos poemas, a desordem tomou conta e não há modo de conseguir voltar ao equilíbrio. Em alguns momentos tenho vontade de sair porta afora e não voltar e sei que outras professoras lá gostariam de fazer o mesmo. Minha turma deve ser a mais indisciplinada da escola, no turno da tarde. Pode ser imaturidade, mas me pergunto. Como conseguir que trabalhem sem barulho? Conversar é saudável, eu sei, mas o tempo todo de uma aula atrapalha. Preciso conseguir.
     Sempre haverá problemas, natural que existam e o que percebo é que vou ter de aprender a lidar com eles. Devo me formar para o futuro porque meus alunos jamais serão como na época em que estudei. E daqui um tempo os próximos serão diferentes dos atuais.

Se...

09/06/2010

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... ninguém comenta é porque ninguém lê,
... não sei responder, preciso aprender a perguntar
Se não pratico fico sem a experiência
e vou andando pelos caminhos da vida
quase lembrando se já não esquecida
que há muita distância entre fazer e querer
em perguntar e responder...

Se ninguem comenta talvez seja
porque ainda não leu... e de repente
continuo escrevendo... assim a esmo
dizendo estar a meio termo
minhas lutas com o que sou
e o que ainda virei a ser...

(Isto é para meu blog... e convenhamos, ainda que me digam "não é um poema", tudo bem, não era esta a pretensa intenção desta que vos escreve. São relatos de experiência de uma pessoa e quem sabe um dia servirão para alguma coisa para alguém)

Aula 05

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     Sobre minha aula de hoje o que posso avaliar é que a menos que eu já esteja há tempos na escola, conhecendo toda a rotina, não posso querer imaginar uma aula em que deva usar de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC). E olha que gosto bastante de usar tais meios. Digo isto porque busquei, no You Tube, vários vídeos com poemas diversos e tentei gravar em DVD. Como não consegui, tentei duas outras alternativas: conseguir o datashow da escola, que estava emprestado para outra escola, e a outra alternativa era rodar os vídeos nos computadores da Sala Digital, o que também não deu porque os computadores da escola não têm um aplicativo necessário para apresentação de vídeos. Só consegui apresentar o que pretendia porque levei meu notebook e o senhor do NTE (que não sei o significado da sigla) instalou o datashow que possuem.
     Confesso: foi uma grande mancada, mas serve de lição.
     Com relação ao andamento da aula, posso dizer que foi satisfatório até onde pude verificar. Naturalmente, dois alunos quiseram chamar a atenção, sendo que um deles parou de falar aos ser solicitado. Já quanto a saber como os poemas foram recebidos por eles só na próxima aula. Então é esperar para ver.
Utilizei todo o tempo de 01h/a na apresentação dos vídeos, que traziam poemas como Ismália, Soneto do amor total, Mar português, Ou isto ou aquilo, Canção amiga, dentre outros. A professora me disse que gostou muito da atividade. Creio que se fosse possível ela também gostaria de levar os vídeos para as outras turmas de 6ª série em que ela é regente.

(P.S.: Não refleti muito sobre esta aula, pois como dá para perceber não houve muita interação professor-aluno, em virtude da colocação dos vídeos... então, aguardem a próxima postagem)

Aula 04

04/06/2010

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Dia 28 de maio
02 h/a

     Tenho um Plano de Aula para a próxima semana, ou seja, dos planejados para esta não consegui usar um. Minha turma, sem exceções, ou talvez um único aluno, gosta bem de levar bem de levar a aula na brincadeira. E como conversam! Hoje até que foi tranquilo, apesar da falação de sempre.
     Engraçado o fascínio como eles têm tanta curiosidade pela vida do professor, querem saber se tenho namorado se sou casada, se tenho filhos, perguntas deste tipo. Natural que responda as que não são muito íntimas, assim evita ficarem perguntando a cada aula que dou.
     Não sei se na 6ª série eles já deveria ter ouvido falar de sintaxe, também não me lembro da minha época, então quando esta palavra surgiu no conteúdo que estávamos tratando vieram as perguntas sobre o significado. O que me chama a atenção é que aqueles que perguntam, em geral, são para os quais mais peço para fazer silêncio e são, também, os que respondem ao que pergunto. Aliás, vêm até a frente da sala para responder no temor ou vergonha de falar errado. Parece que não querem que os colegas riam caso digam algo equivocado. Também vejo que não estão muito acostumados a tentar participar das aulas, argumentar, refletir. Até ouvi alguém dizer que pensar seria difícil.
     Hoje, também, foi um dia diferente, pois me senti à vontade na sala. Preciso tentar explicar; era como se aquele lugar não fosse tão hostil. Ocorre agora um pensamento: uma aluna não foi à aula. Daquelas desafiadoras, que responde em tom grosseiro a qualquer momento que se peça para ficar quieta. Seria a ausência dela que contribuiu para me sentir mais à vontade? Ou será outro motivo? É um receio de professor iniciante o fato de sentir-se desafiado e de repente não conseguir cativar os alunos.
     Também lembrei que logo que cheguei disseram que a aula seria de Matemática, não sei por que causa, mas a aula mudou de horário hoje de novo e eu já havia me prevenido e ido mais cedo por esse motivo. Assim que entrei na sala já fui apagando o quadro e começando a escrever um poema previsto para a quarta-feira. Com os conteúdos passados parti para sanar as dúvidas. Surgiram perguntas e reclamações também, mas estas oriundas do Eryk, que diz preferir matemática. Combinei que se na segunda-feira a sala de audiovisual estiver livre iremos para lá assistir poemas recitados. Tenho em mente que eles possam perceber a entonação do momento em que se recitam poemas, observando também sons, ritmo, rima, etc. Se gostarão já é subjetivo demais para eu desejar, mas no mínimo é uma tentativa de sensibilizá-los.
     Quando me imaginei no estágio pensei em ter a mesma turma do semestre passado, que foi apenas observação de aulas. Estágio realizado em uma turma de 7ª série, com alunos de no mínimo 12 anos. Agora, na prática são mais novos e o medo veio forte, apesar de eu já ter feito dois estágios na época da Pedagogia com turmas de 3ª e 4ª série. O medo veio sem eu ter noção do motivo. Ter uma turma com mais de 25 alunos, todos (pré) adolescentes, em uma fase de muita inquietação e, provavelmente sem hábitos de leitura regular e chegar propondo um trabalho que vai gerar a produção de poemas, no mínimo faz com que eu pense: - eles vão querer me mandar embora. Por enquanto ainda não chegou a ser minha dos sonhos nem sei se conseguirei. Qual deve ser minha postura? Existe uma postura que revele um bom professor? Há uma forma de cativar os alunos para que apenas um silêncio faça-os silenciar também? Tenho tanta dúvida e pouquíssimas tentativas de resposta. Espero encontrar ao menos uma até o final do estágio.

Adooooro

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" Sonetos do Incontentado "
IV

Não conheço o teu nome. Sei que existes
fora de mim, nalgum lugar estranho,
onde não chegam nunca os brados tristes
de quem perdeu no tempo o seu rebanho.

Na legenda das horas te pressinto
e te veio no abismo que transponho.
(Só o lume do amor não foi extinto
no desespero em que perdi meu sonho.)


Vives nas tardes, para além dos montes,
incendiando rios de horizontes
e ampliando frustrações dentro de mim.


Só eu e a solidão te conhecemos
no longo exílio desses dois extremos
e nesta espera que não tem mais fim.

Gilberto de Mendonça Teles,

Bela Vista de Goiás, Goiás, (1931).
in
"Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou"
J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. 1963

Fonte: http://www.jgaraujo.com.br/belossonetos1/gilberto_mendonca_sonetos_incontentado.htm
Para biografia deste autor clique aqui

Aula 03

02/06/2010

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Demorou, mas aí está ela.


Data da aula: 26 de maio

O que é fazer um plano de aula? Pois bem, pelo que sei é planejar a aula a ser dada no dia, seu objetivo, estratégias, conteúdos a serem trabalhados. Até aqui tudo bem, não creio que seria ou serei contrariada. Minhas aula do estágio demoraram a gerar Planos ou talvez eu tenha demorado a conseguir me ver planejando algo sobre uma hipótese, isto é, sem imaginar como seria a recepção dos alunos ao que preparei para aquele momento.

Depois de superar este melindre eu consigo pensar a aula para a semana seguinte, ainda que antes de passar para o Plano propriamente dito. Mas há uma situação que pareceu (e pode parecer) conflitante: pensar o que se vai fazer em 2h/a sem que sobre ou falte tempo. Em situação de sobra é complicado, pois é necessário ter um Plano B e eis o que pensar: que fazer no tempo que falta até tocar o sinal? Já no caso da falta de tempo surgem as questões sobre o fato de o professor ter imaginado conteúdo demais ou então, o mais provável, a perda líquida do tempo no pedir silêncio, no organizar a turma, no explicar uma, duas, três vezes a proposta para a classe, etc. Este debate interno deve passar a muitos professores e imagino que a maioria das minhas colegas de estágio se enchem destas perguntas relacionadas à prática didático-pedagógica.

Outra vez o Mural não saiu e o que eu poderia fazer? Não sei, ainda não descobri a resposta. Acontece que percebo que meus alunos estão presos à ideia de professor máquina de gramática que só escreve e escreve, sempre sobre regras que os alunos sempre esquecem. Entender o que se fala parece difícil. Quando eu falei que queria um poema, acreditaram que era um trabalho com vários deles. Mais que isso, duas meninas chegaram a entregar folhas com diversos poemas, mas só. Apenas os poemas e pouca biografia de um ou dois poetas. Não foi o que pedi e olha que falei várias vezes, para que não houvesse confusão. Resolvi pedir de novo (por escrito no quadro) que busquem um poema a seu gosto e caso não levem, desisto das tentativas. Naturalmente, já estou pensando em uma atividade substitutiva, pois devo prever que meus alunos esqueçam o poema (isto para ser um pouco generosa, porque às vezes parece-me que eles não se importam com minhas aulas).

Outro tópico: durante uns 15 ou 20 minutos trabalhamos em dupla e, até que não foi tão terrível a organização da sala, mas infelizmente ler os poemas Mar português (Fernando Pessoa) e Soneto 11 (Camões) foi muito complicado, quase impossível. Quanto às observações que eu gostaria que eles fizessem sobre o “objeto” que tinham em mãos, quais eram perceber ritmo, rimas, estrofação, versos e sonoridade, esta parte ficou completamente perdida. Vou dar um desconto porque já estávamos ao final da aula, porém se o plano não andou direito, creio que adiar é o jeito. E assim terei de fazer. E, consequentemente, os planos futuros deverão encaixar espaço para o que não foi contemplado. Este é um dilema: sabermos que devemos fazer, idealizamos como poderia ser, mas isto não garante que de fato vá acontecer.

Uma pergunta norteadora de reflexão: foi Eryk quem, após eu ter passado no quadro alguns conceitos relacionados ao poema, perguntou: - Dona Michele, a senhora vai dar Português agora? Para mim não foi espanto imenso, mas confesso foi nada confortável a indagação. Minha resposta foi um tanto perdida (suponho eu), limitando-me a perguntar: - Em que idioma está escrito o que passei? Não foi por estar desorientada que a evasiva se deu no lugar ao que deveria ser uma resposta plausível e, sim, porque precisei pedir silêncio de novo e aí se perdeu o assunto.

O que me intriga é a contradição. Quando perguntei (lá nas observações) se gostavam de Português, disseram “NÃO” (claro, que não foi a maioria), imagino que pelas regras a memorizar, entretanto na mudança do trabalho com a Língua Materna parecem acreditar que não é Português o que estão estudando e mais, se é Literatura, não é Português. Por que a aula de Língua Portuguesa deve ser sempre presa à memorização de regras? Não dá para fazer diferente? Por quê?

Não posso querer que seja fácil, mas como complica meu pensamento essa tentativa de ser inovadora, pensar que estou fazendo errado e não querer ser repetidora de conteúdos a alunos receptáculos de conceitos. Oh, dilema!


(Aceito sugestões e links para artigos que tentem resolver as questões elencadas)
Bom feriado e final de semana prolongado a todos.

Aula 02

24/05/2010

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Data: 21 de maio
Carga horária: 01 h/a
Conteúdo: Poema e características observadas

Bem, como na aula anterior tive problemas quanto à disciplina dos alunos, resolvi que deveria mudar um pouco minha estratégia de aula. Então, já que a ideia inicial era de fazer com que eles pensassem sobre os textos que havia levado, os quais os alunos não se importaram muito, pensei que de repente deveria levar conteúdo para copiar do quadro. Pois bem, foi o que fiz. Levei o poema "Nome da gente", de Pedro Bandeira, para começar com a discussão sobre as características que reconhecem no texto.

O mural de poemas proposto para esta aula não foi elaborado, pois os alunos não levaram o material solicitado mais importante: poemas de que gostassem. E como a aula ficou reduzida, também não daria tempo. Quando a isso, explico: as aulas de sexta-feira são nos dos últimos períodos, mas houve mudança de horário e a professora titular me avisou por telefone. Deste modo tive disponível apenas 1h/a para o trabalho. Planejei com a turma de que eles levem poemas na próxima aula (quarta-feira) e espero que realmente levem, para que enfim façamos o Mural de Poemas da turma.

Uma observação importante a fazer é o fato de a professora regente da turma avisar que as aulas tiveram horário alterado, já que as colegas de semestre anterior disseram em seus relatos que este seria um problema que poderia ocorrer no estágio: irem até a escola e por não saberem que o horário foi trocado perderem de ministrar suas aulas naquele dia.

Com relação ao comportamento dos alunos tenho a dizer melhorou um pouco, não muito é lógico. Mas, isto apenas aconteceu porque a professora regente da turma teve uma conversa com eles antes de que eu chegasse à escola. Ela interviu na turma para que o estágio tenha bom andamento e este é, para mim, um bom indício de sua condição de professora, pois em algumas situações as titulares da turma não colaboram para o bom andamento do trabalho do estagiário. Parecem não se importar se o trabalho está andando bem ou não, como se estivessem apenas esperando que aquele período passe o mais rápido possível para poder voltar à sua rotina anterior ao estagiário invasor.

Um dos alunos que mais atrapalham ficou bastante comportado neste dia, o que me surpreendeu bastante. Mas isso não me deixa 'relaxar' com relação à tensão de ser estagiária. Uma outra aluna, que costuma falar em um tom de voz super alto, não foi a aula neste dia, o que acho que contribuiu também para que parecesse menos barulhenta a aula desse dia. Havia pensado em trocar de turma, como falei na observação da aula anterior, mas com o comportamento deste dia verifiquei que dá para tentar levar adiante. Uma pena que vou ter que sistematizar conteúdos teóricos bem mais do que o previsto com a finalidade de mantê-los concentrados em copiar os conceitos a serem trabalhados no projeto. A diferença é que agora não vejo isso como desfocalização do meu trabalho e, sim, uma nova forma de organizá-lo.

Com isto, volto-me a pensar em planejamento, ainda que seja hipotético das atividades e ações que posso desenvolver com minha turma de estágio. Considerando Leal não posso esquecer que "o que é importante, do ponto de vista do ensino, é deixar claro que o professor necessita planejar, refletir sobre sua ação, pensar sobre o que faz, antes, durante e depois." Então, devo ater-me mais ao planejamento e menos em tentar mudar um fazer pedagógico que nem existe ainda, isto é, minha prática docente está recém em formação. Como mudá-la se ainda não pude verificar se funciona desta ou daquela maneira melhor que de outra forma?

Referência:
LEAL, Regina Barros. Planejamento de ensino: peculiaridades significativas. In.: Revista Iberoamericana de Educación. ISSN: 1681-5653. Disponível na internet via: URL: http://www.rieoei.org/deloslectores/1106Barros.pdf acesso em 14 de maio de 2019.

Aula 01

22/05/2010

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Posso considerar minha primeira aula quase um desastre. Talvez a minha noção de que o professor deve ser o mediador entre o aluno e o conhecimento tenha feito com que eu me perdesse na primeira tentativa de ministrar uma aula.
Fui apresentar a proposta de trabalho, combinar com os alunos como trabalharíamos no período de duração do estágio, mas não deu muito certo. Levei uns poemas para que eles lessem, pudessem agir sobre o objeto, ou interagir entre si, dar suas opiniões e aí foi que coloquei tudo por água abaixo, pois imagino que para a primeira vez deveria ter levado materiais bem teóricos mesmo, sem essa de inovação. Ora vejam só, eu dizendo isso, seria uma heresia, se tanto prego a aula diferente. Porém, nem tudo é como se imagina que seria e percebo que em determinados momentos a sistematização pura e simples se torna o único modo de fazer com que os alunos prestem um pouco a atenção, pois pode haver confusão entre mudar o ritmo de aula com deixar de ensinar, isto é, parece que quando o professor muda a metodologia a que estão acostumados a ter em aula é como se esse professor não soubesse o que está fazendo.
Percebi que quando eu escrevi no quadro para mostrar-lhes alguns conceitos que poderemos trabalhar durante as 17h/a, alguns me perguntavam se era para copiar. Até sobre o tempo estimado do período de estágio houve a pergunta: “- Professora, é pra copiar?”. Então, decidi que as inovações serão em menor incidência, já que eles não estão acostumados, o que eu lamento, mas se não há outro modo, eu me adapto.
De repente a visão que eles têm é de que a aula é com copiar do quadro, professor cheio de livros e cadernos e quando chega uma estagiária (uma ainda não-professora) sem muitos livros e sem passar muita coisa no quadro, uma pessoa que está estudando (assim como eles), essa professora pode não saber o que está falando. Ao menos foi a sensação que tive.
Pensei em mudar de escola ou no mínimo de turma porque achei que seria impossível trabalhar com a minha turma, pois eles não ficaram quietos um só instante. Foram 02 h/a sem condições de falar. Conversei com minha titular sobre isso e decidimos esperar a próxima aula para que eu me resolvesse a continuar com eles ou mudar de turma.
Mas, como desistir agora? Tempo hábil até teria... o que não posso é desistir da luta no primeiro obstáculo. Problemas existirão sempre, então o jeito é enfrentá-los, ainda que seja no estágio, até porque quando estiver atuando já terei um conhecimento mínimo das adversidades que encontrarei pela frente.
Ah, o título do meu projeto, que nem sei ainda se foi avaliado e aceito pela minha orientadora é Laçando ideias, entrelaçando poemas: explorando a poesia no ensino fundamental. Justificativa para o título? Ah, sim, claro. Eis aí: Muitas foram minhas ideias iniciais para o estágio, e também, várias as ideias dos alunos, de tal modo que devo laçá-las a fim de entrelaçar o máximo de ideias possíveis e com a turma tecer os poemas dos ‘meus’ alunos de estágio. Isto tudo aproveitando que um dos conteúdos do 2º bimestre é poema. E no final das contas pretendo que, juntos, elaboremos um livro (Coletânea de Poemas) e, se possível, um áudio-livro.
Espero que dê certo... isto é, que eu consiga realizar o estágio.

Um poema...

18/05/2010

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para começar o gostinho do meu estágio.

Leilão de Jardim

         Cecília Meirelles
 Quem me compra um jardim
com flores?

borboletas de muitas
cores,

lavadeiras e pas-
sarinhos,

ovos verdes e azuis
nos ninhos?

Quem me compra este ca-
racol?

Quem me compra um raio
de sol?

Um lagarto entre o muro
e a hera,

uma estátua da Pri-
mavera?

Quem me compra este for-
migueiro?

E este sapo, que é jar-
dineiro?

E a cigarra e a sua
canção?

E o grilinho dentro
do chão?

(Este é meu leilão!)

observação 3

14/05/2010

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Minha terceira observação foi na quarta-feira, dia 04 de maio. Fomos com a turma até a Biblioteca para escolher livros e depois fomos para o pátio. Como em toda aula fora da sala de aula, a dispersão foi maior do que se fosse dentro dela, mas não foi uma situação constrangedora, sendo que no segundo período eu fiquei responsável por eles, pois a professora precisou atender outra turma que ficou sem professor.
Incrível como parece uma novidade tremenda a leitura para eles, especialmente poesia. Como observado na Avaliação Diagnóstica eles têm preferência por fábulas, talvez seja porque ano passado trabalharam com este gênero no último bimestre (na 5ª série).
Há sempre aqueles que não se importam com a atividade, correm pelo pátio, inventam gracinhas e deixam de fazer o proposto, em compensação acho que foi considerável o número de alunos que se fizeram leitores naquele momento.
Hoje não tenho muita reflexão sobre a observação da aula, apenas sobre o grande problema de elaborar o projeto de ensino a ser trabalhado durante meu estágio. Eu ainda não consegui sentar e ler, refletir realmente sobre o meu trabalho. Bem feito, quem mandou não conhecer nada sobre Literatura, métrica, rima, verso, etc. Vá que eles me perguntem coisas deste tipo, como ficarei, sei que não sou obrigada a saber tudo, mas vai ser contrangedor.

Meu tema para o projeto é INFÂNCIA, isto é, vou tratar sobre uma fase da qual eles estão saindo e gostaria que produzissem textos (poemas). A ideia inicial está no conto do angolano Ondjaki "O portão da casa da tia Rosa", que faz parte do livro de contos Os da minha rua, lançado em 2007 e que traz diversos contas sobre esta fase da vida do escritor. A partir da visão de que a infância é a mesma fase para crianças de qualquer classe social, cultura, país, etc. eu penso em favorecer a reflexão sobre o tema e espero que eles possam produzir textos a partir disto. Então, vou levar materiais que tratem deste tema (poemas e contos)
Em primeiro lugar, estou pensando em começar com poemas que tratem do fazer poético, do próprio poema e do poeta. Para a segunda aula a ideia é de levar o conto do Ondjaki e também um trecho do livro Transplante de menina, da Tatiana Belinky. Mas, a partir daí eu não faço ideia do que fazer.

E aceito comentários e sugestões...