Difícil caminho de amar...

27/09/2010

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Um quarto vazio... e uma cabeça povoada de dúvidas, angústias, sonhos, esperança. Uma alma inquieta que se diverte com o canto dos pássaros, com a viva cor das flores e com as imagens que só a primavera sabe proporcionar. Um silêncio que invade num turbilhão de emoções e vai se recompondo em uma melodia perdida... notas quase esquecidas de uma sinfonia que embalava o coração nas tardes de solidão. Meus passos não têm rumo certo, meu olhar não tem o mesmo brilho de tempos atrás, minha voz já não sabe chamar nome algum nem meu pensamento se sente tranquilo quando arrombado por lembranças que hoje se fazem inúteis. Os ventos cantam por todos os lados, se fazem ainda mais fortes se comparados com minha certeza. Entram pela casa, visitam todos os cômodos, se acomodam, se aninham em meu leito, me chamam como em uma súplica, como em uma tristeza replicante das verdades que perdi.
Meu olhar... ah, meu olhar. Este está perdido e já nem sei se quero lembrar onde foi que deixei o pouco que me restava de ilusão, porque as ilusões perdidas são cortinas que caem, são máscaras que antes escondiam a verdadeira face do bem ou do mal. Minha voz... ah, minha voz. Emudecida está porque não tem mais belas palavras a pronunciar. São tantos assombros de soledade que um só ruído faz acordar o dragão da tristeza que adormece nos porões da alma. E minh'alma... oh, o que dizer de minha alma? Que está aqui, inerte, sem ter solução para o medo? Esse velho inimigo (ou amigo) que me acompanha, que guia meus passos toda vez que penso estar em uma nova história, em uma nova trajetória. Ele que detém todas as informações sobre o caminho a seguir, que tem o mapa e lembra de memória por onde devo deixar de ir, mas não me conta, jamais.
É com o medo que convivo... é do medo que me escondo, mesmo que ele sempre me encontre. É com o temor dilacerante que digladio sempre e que, certamente, perco todas as batalhas. Só não perco aquelas que abandono em pleno transcurso. Só não perco as lutas que abandono... mas, abandonar não é vencer. Seria então perder?
Meu coração está confuso... melhor dizer que confusa estou por completo. O que depende de mim não depende só de mim. O que devo fazer precisa de aceitação de um outro, de alguém a quem dirijo meu pensamento. Ninguém disse que viver seria fácil, também não contaram nada sobre as feridas que ganharíamos nem mesmo que teríamos que cuidá-las sozinhos, porque não teríamos quem delas cuidasse. E sempre entramos nestas ciladas, nestas que assolam o medo e que, ainda assim, o fortalecem. Estas armadilhas do amor, que nos chegam sem que peçamos, sem que tenhamos a sã consciência de estar acontecendo, mas avassala tudo e como avalanche ou enchente arrasa tudo que vê, derruba toda barreira que encontra sem que possamos perceber que estava prestes a chegar. Não há como descobrir o dia, a hora exata... não há como escolher nem mesmo como fugir. Não existem trincheiras que nos escondam, que nos protejam daquele que nos faz tão doídos e tão felizes ao mesmo tempo. É... amar é, contraditoriamente, uma guerra na qual não temos nem queremos ter armas para vencer, ainda que morramos de medo de perder. Sim, amar é tão bom e tão complicado que nem mesmo os mais céticos deixam de acreditar em sua existência.  

De volta aos antigos valores

22/09/2010

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Outro dia pensei em escrever sobre o assunto, mas a ideia amornou até esfriar e deixei. Acontece que vi, no telejornal da manhã, mais um episódio, que fez voltar à mídia e à minha memória sobre o tema para a minha redação.

Futebol não é, definitivamente, meu forte. Aliás, não saberia responder que assunto seria. Apesar disto, lembro que dar opiniões, mesmo que inconvenientes ou inoportunas, são da natureza humana e aqui a minha nada humilde contribuição ao Caso Neymar. É, esse assunto que há alguns dias vem tomando conta das discussões sobre o esporte ou, mesmo, sobre educação. Educação? Que educação? Já nem sabemos o real significado da palavra e preciso pedir desculpa aos filólogos, mas não entendo nada sobre a origem e a evolução do termo.

Deveríamos pensar “ah, ele ainda é um menino”? Sim, ele ainda é um menino. Ainda brinca com outros meninos na Vila, jogam futebol como qualquer outro menino do meu bairro, fazem piruetas, coreografias, fazem roda de pagode, toda estripulia própria da idade de meninos, com a diferença que possuem uma conta bancária milionária para isso. Esta é a diferença?

Há algum tempo atrás (e isso não é discurso saudosista, não) os meninos respeitavam os mais velhos, diziam “sim, senhor”, “obrigado”, “com licença”, “por favor” e não creio que na vida adulta mudaram os seus conceitos sobre respeito. Pode ser que hoje haja uma inversão de valores, uma liberdade excessiva que a mídia acredita ser liberdade de expressão, esquecendo, obviamente, do direito do outro.
O Neymar foi punido com 15 dias de suspensão. Pediu desculpas por meio da imprensa. O técnico do Santos foi demitido... com ou sem justa causa? Isso seria retaliação por ele não ter gostado da atitude do menino? As pessoas têm dito que é malcriação de menino, mas eu sei que é de pequeno que se faz o caráter do adulto, fosse diferente não se nasceria tão pequeno.

É, percebo que os tais valores que antigamente eram repassados de geração a geração e reforçados em uma disciplina de Educação Moral e Cívica (lá pelos finais dos anos 80) podem até parecer antiquados, mas eu gostaria, de verdade, que igualmente às roupas e sapatos, alguns antigos valores morais voltassem a desfilar pelas passarelas da vida, como algo que a juventude visse e se atrevesse a usar, afinal de contas, que jovem não gosta de andar na moda? O Neymar está na moda, mas suas atitudes já estão ultrapassadas. Ser talentoso no campo não dá direitos de esquecer que, como figura pública, serve de inspiração para tantos meninos e meninas que estão formando seu caráter. Seguirão estes modelos? Desviarão dos modelos que muitos de nós gostaríamos de ver?


Ser crítico não é usar a crítica para agir de forma tresloucada, desvalorizando o ser humano, desrespeitando-o. Como futura professora, acredito que aquele discurso de “formar cidadãos críticos e conscientes” não é deixar que o desrespeito seja visto como a formação do ser humano.

É urgente uma mudança de valores, uma volta ao passado que não seja encarada como retrocesso. Uma nação que queira crescer de verdade, desenvolver-se economicamente, deve pensar antes de tudo em desenvolver-se culturalmente. Largar de mão essa cultura de dizer “ah, ele é menino, com o tempo aprende”. Não creio que o tempo ensine quando não há bons exemplos a seguir.  

Uma tese é o quê?

11/09/2010

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Uma das leituras para começar o meu projeto do TCC é a seção 1 do livro Planejar Gêneros Acadêmicos (Editora Parábola: veja informações). Esse texto traz a crônica Uma tese é uma tese, de Mário Prata. Bastante engraçado, embora trágico também. É de se pensar no tempo gasto (ou perdido) em um trabalho como esse. Nas coisas que se abdica em função da pesquisa para a escrita da tal tese, no medo da banca (que em espanhol chama tribunal) que vai analisar, julgar, encher de perguntas e o pesquisador lá, com um nó na garganta defendendo, suando frio, querendo pular no pescoço do julgador por ter feito aquela pergunta tão massacrante. Já não bastava o tempo de pesquisa, as noites em claro, a correria para cumprir os prazos, tinha que aparecer alguém para questionar de maneira tão pesada?

É... não é fácil, "minha gente querida" (como diria um ex-prefeito de Bagé). Antes de se pensar na apresentação tem o projeto. Não pense não que é mais fácil, por ser apenas um projeto, algo que ainda está a ponto de ser o que ainda não é. Deve-se escolher o tema, saber se não é algo já pesquisado, procurar o enfoque do trabalho, decidir os objetivos, procurar o referencial teórico, organizar o cronograma, detalhar as partes do projeto, argumentar os motivos que o levaram a escolher este e não outro tema, e saber justificar a relevância do trabalho para a comunidade científica. Até aqui tudo bem? Então seguimos. 

Depois, vem a apresentação do projeto. Também para uma banca examinadora. Se a banca não aceitar, nada feito. Isso tudo antes de correr atrás da pesquisa propriamente dita, porque projeto não aceito não gera TCC (ou monografia como queiram). Ah, há uma diferença aqui: o tcc é o trabalho de conclusão do curso como um todo e pode gerar uma monografia ou um artigo, no nosso caso particular da Unipampa. Assim: prepararemos o projeto de pesquisa, sairemos em busca de dados para analisar e depois produziremos um trabalho acadêmico/científico apresentando os resultados e este pode ser um artigo ou uma monografia, que nada mais é que um trabalho um pouco mais extenso que o artigo apresentando os dados da dita pesquisa. Parece simples? Parece difícil? Nem sei mais. Só sei que preciso produzir... perguntas de pesquisa, objetivos, hipóteses talvez, instrumentos de coleta de dados para, quem sabe um dia, defender uma tese, essa sim, de doutoramento, mas sobra a pergunta: para quê? Dúvidas e mais dúvidas. Continuarei com elas por um tempo. Pode ser que um dia se dissipem. E como em uma oração: Amém.