De volta aos antigos valores

22/09/2010

Outro dia pensei em escrever sobre o assunto, mas a ideia amornou até esfriar e deixei. Acontece que vi, no telejornal da manhã, mais um episódio, que fez voltar à mídia e à minha memória sobre o tema para a minha redação.

Futebol não é, definitivamente, meu forte. Aliás, não saberia responder que assunto seria. Apesar disto, lembro que dar opiniões, mesmo que inconvenientes ou inoportunas, são da natureza humana e aqui a minha nada humilde contribuição ao Caso Neymar. É, esse assunto que há alguns dias vem tomando conta das discussões sobre o esporte ou, mesmo, sobre educação. Educação? Que educação? Já nem sabemos o real significado da palavra e preciso pedir desculpa aos filólogos, mas não entendo nada sobre a origem e a evolução do termo.

Deveríamos pensar “ah, ele ainda é um menino”? Sim, ele ainda é um menino. Ainda brinca com outros meninos na Vila, jogam futebol como qualquer outro menino do meu bairro, fazem piruetas, coreografias, fazem roda de pagode, toda estripulia própria da idade de meninos, com a diferença que possuem uma conta bancária milionária para isso. Esta é a diferença?

Há algum tempo atrás (e isso não é discurso saudosista, não) os meninos respeitavam os mais velhos, diziam “sim, senhor”, “obrigado”, “com licença”, “por favor” e não creio que na vida adulta mudaram os seus conceitos sobre respeito. Pode ser que hoje haja uma inversão de valores, uma liberdade excessiva que a mídia acredita ser liberdade de expressão, esquecendo, obviamente, do direito do outro.
O Neymar foi punido com 15 dias de suspensão. Pediu desculpas por meio da imprensa. O técnico do Santos foi demitido... com ou sem justa causa? Isso seria retaliação por ele não ter gostado da atitude do menino? As pessoas têm dito que é malcriação de menino, mas eu sei que é de pequeno que se faz o caráter do adulto, fosse diferente não se nasceria tão pequeno.

É, percebo que os tais valores que antigamente eram repassados de geração a geração e reforçados em uma disciplina de Educação Moral e Cívica (lá pelos finais dos anos 80) podem até parecer antiquados, mas eu gostaria, de verdade, que igualmente às roupas e sapatos, alguns antigos valores morais voltassem a desfilar pelas passarelas da vida, como algo que a juventude visse e se atrevesse a usar, afinal de contas, que jovem não gosta de andar na moda? O Neymar está na moda, mas suas atitudes já estão ultrapassadas. Ser talentoso no campo não dá direitos de esquecer que, como figura pública, serve de inspiração para tantos meninos e meninas que estão formando seu caráter. Seguirão estes modelos? Desviarão dos modelos que muitos de nós gostaríamos de ver?


Ser crítico não é usar a crítica para agir de forma tresloucada, desvalorizando o ser humano, desrespeitando-o. Como futura professora, acredito que aquele discurso de “formar cidadãos críticos e conscientes” não é deixar que o desrespeito seja visto como a formação do ser humano.

É urgente uma mudança de valores, uma volta ao passado que não seja encarada como retrocesso. Uma nação que queira crescer de verdade, desenvolver-se economicamente, deve pensar antes de tudo em desenvolver-se culturalmente. Largar de mão essa cultura de dizer “ah, ele é menino, com o tempo aprende”. Não creio que o tempo ensine quando não há bons exemplos a seguir.  

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