Aula 06

10/06/2010

Quarta-feira (02 h/a)

     A aula de segunda surtiu efeito nas meninas. Consegui ganhar a colaboração da Tainara, uma aluna que fala bastante. Ela disse que a aula foi ótima. Na distribuição dos poemas que levei hoje, quando a Tainara viu que o Pattryck tinha pegado o poema “Ismália” (Alphonsus Guimarães), ela conseguiu trocar com ele, dizendo que adorou o texto.
     O complicado de ser professor é conseguir a atenção dos alunos; consegui que eles gostem de estar mesmo tendo que estudar. Parece que acreditam que a escola tem outra função que não a de estudar. Tem momentos que eu gostaria de saber o que eles pretendem porque parece que eles não querem nada com nada, como se fosse inútil tentar dar aulas para eles.
     Agora já é tarde para rever minha escolha: tanto do local de estágio, quanto da profissão. Às vezes penso que sou muito sonhadora, pois noto que por mais que eu deseje uma aula “legal” parece que há cada vez mais obstáculos que me impedem de conseguir.
     É difícil sonhar, ter esperança na educação hoje em dia. Os alunos levam na brincadeira um trabalho que para o professor é sério. Se eu levo poemas para recitarem aos colegas em menos de 15 minutos começa a desordem, e olha que com duas professoras em sala eu esperava que fosse diferente. Os momentos em que ocorre o silêncio são unicamente quando se decide ditar para que copiem. Fora estes há sempre um conversando aqui, outro ali.
     De onde esperar que haja colaboração? Como pensar em uma aula em que os alunos participem sem que vire bagunça? Vivo me perguntando sobre isso. Os textos que falam a respeito mostram as dificuldades encontradas pelos pesquisadores. Parecem ter surgido de situações ideais.
     Não vou dizer que o resultado do meu projeto vai ser nulo porque há as raras exceções (e nelas incluo dois alunos que mais “bagunçaram” na primeira semana) dos que se interessam. Creio, também, que não perceberam que para fazer Literatura é da Língua Portuguesa que precisam, isto é, me parece que não conseguem notar a presença do Português nas aluas que tenho dado. Vou entrar na fase da escrita dos poemas individuais e por isso sei que vai ficar mais confuso ainda, pois vão andar perambulando pela sala. Tudo bem, eu ainda quero acreditar que ser professor é uma boa profissão, que é um ato de amoré de doação.
     Ainda não consigo saber como se faz um professor. De que práticas e de que pensamentos. Não vejo alternativas na educação de hoje. O professor não é mais respeitado, é visto como um adversário a ser batido em uma partida de futebol, já que estamos no clima da Copa. Vejo pais que precisam ir à escola porque seus filhos fizeram algo errado, mas lá, na conversa quem perde a razão é o professor. Os pais defendem seus filhos como se fossem super comportados.
     É triste que venhamos de várias de reflexões sobre políticas e práticas educacionais, sobre a necessidade de mudanças nos paradigmas pedagógicos e nos defrontamos com um quadro de total desrespeito com o ser humano professor, porque embora sejamos vistos como os responsáveis pela quebra da descontração e da conversa, ainda somos os que deveriam orientar, ou melhor, mediar o conhecimento a que se expõem os alunos.
     Sobre hoje: a primeira hora/aula foi boa. Também pudera, foi o momento de ditar. Mas depois, quando fui montar o próximo passo da aula, que era a leitura e escuta de poemas e posterior verificação das rimas e outras características dos poemas, a desordem tomou conta e não há modo de conseguir voltar ao equilíbrio. Em alguns momentos tenho vontade de sair porta afora e não voltar e sei que outras professoras lá gostariam de fazer o mesmo. Minha turma deve ser a mais indisciplinada da escola, no turno da tarde. Pode ser imaturidade, mas me pergunto. Como conseguir que trabalhem sem barulho? Conversar é saudável, eu sei, mas o tempo todo de uma aula atrapalha. Preciso conseguir.
     Sempre haverá problemas, natural que existam e o que percebo é que vou ter de aprender a lidar com eles. Devo me formar para o futuro porque meus alunos jamais serão como na época em que estudei. E daqui um tempo os próximos serão diferentes dos atuais.

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