07 de junho -
Segunda-feira – 01 h/a
A aula deste dia coincidiu com orientação de estágio. Então vamos aos relatos.
Como venho tendo aulas mais cedo, não tinha certeza se seria mesmo no 5º período, então fui para as 13h30min. Bom, o horário seguiu-se normal, deste modo fui para casa. Não quis ficar por lá até o horário que ia dar minha aula.
Voltei para a escola uns 25 min. antes do 5º período. Fiquei na sala de professores esperando, então a diretora entrou lá, depois a vice-diretora do turno da manhã. Uma menina parou na porta da sala a esperar e um menino entrou, sentou. A diretora disse para ele esperar, que já iria falar com ele. Neste momento saí da sala porque imaginei que a conversa deveria ser em particular. Há rotinas nas quais o estagiário não faz parte. Creio que esta é uma, pois notei o silêncio e o desvio, quando a diretora dirigiu-se à vice, entrando em um assunto diferente.
Demorou a tocar o sinal para a minha aula e eu fiquei esperando em um lugar, em que há uma janela de frente para o pátio (bem, isso deveria ser visto por fotos, para ficar claro). Enquanto esperava percebi que meu pensamento se fundia com lembranças. Lembrava do meu tempo de estudante do ensino fundamental (naquela época 1º grau), na escola do Prado Velho. Já se vão mais de 20 anos que entrei na escola, que não tinha a estrutura física que tem minha escola de estágio. Também a lembrança de quando o CIEP estava em fase de acabamento, antes do ato inaugural (isto lá em 1992). Nesta época ia com minha mãe, que trabalha na escola.
Meu olhar vagou pelo pátio e corredor, que se fazia ora silencioso, ora ruidoso. Do corredor onde eu estava (na escada) ouvia conversas de alunos, mesas arrastadas, professora pedindo silêncio. E lá fora, pátio vazio, com seus bancos amarelos, verdes e vermelhos; jogos de amarelinha e tabuleiros de xadrez nas curvas dos bancos. Uma visão pela qual me vem o pensamento inquiridor, querendo saber se no intervalo das aulas (o recreio) os alunos usam algum destes jogos. Poucas vezes observei o recreio e não me lembro se assim faziam.
Será que em algum momento os alunos pararam para olhar a escola? Para notar a sua beleza? Já pararam para pensar que há momentos que poderiam sentar, ler, conversar, jogar? Uma pergunta em função de muitas vezes ter visto a correria deles pelos vários lugares da escola. Talvez nunca tenham feito, pois nem a Biblioteca eles frequentam.
O sinal de troca de professores demorou a soar e eu esperava ali fora. De modo que podia ver o que se passava à minha volta, mesmo que nada ocorresse ao redor.
Ao entrar na sala, ou melhor um pouco antes, deixei uns três alunos irem ao banheiro (sei lá se foram mesmo). A sala parecia vazia, mas era a falta das conversas dos que haviam saído. Tinha previsto/planejado produção de quadrinhas e como diversas vezes: NÃO DEU. Será que, como disse minha orientadora, é insegurança minha? O certo é que em 01h/a, que foi reduzida pelo atraso do sinal e dos ânimos agitados, parece nada.
Agora eu preciso pensar em como fazer da minha aula um momento atrativo e por alguns motivos como: não dei exercício, poema não é um assunto a que estejam habituados e porque até agora eles não entenderam a função do meu projeto em sua formação. Mas, como conseguir tudo isso? A partir de quarta devo começar a parte da escrita dos poemas e não sei se dará efeito diferente. Tudo bem, todos esses diálogos e conflitos internos estão formando quem sou quem deverei ser após o fim e o recomeço... Digo fim pelo estágio e pela graduação, mas recomeço porque ser professor apenas com as ideias forjadas durante o tempo de faculdade dá uma visão encerrada, enjaulada no passado. Tudo está sempre em constante mudança, viver a cada dia é um novo viver. Prender-se a conceitos é arraigar e descobertas vulnerabilizam toda a sustentação do saber. A educação sistematizada no ambiente escolar não é a mesma da época em que citei aqui.
Vejo diferente o modo como víamos os professores em nossa época de alunos. E parece que hoje os alunos dizem para nós o que velávamos, isto é, se não gostávamos da disciplina ou do professor isso não era demonstrado diretamente a eles. Também, hoje o professor não é mais um referencial com era há 20 anos, ou pior, como era há uns 30 ou 40 anos. Certo é que os alunos que os alunos tinham pouca liberdade de expressão, mas buscavam conhecer agora existe uma liberdade de expressar-se que ficou confundida com a possibilidade de conversar sobre tudo menos participar do tema proposto para a aula. E sei que é para este público que estou me formando, é para eles que deverei preparar-me.
Já presenciei situações em que pais ou responsáveis por alguns alunos tiveram de ir até a escola para saber do mau comportamento destes e por fim acabavam justificando tais atitudes, diríamos que defendiam que estes alunos sejam de tal modo. Não sei até onde o professor tem autoridade, e quando digo isto, estou querendo dizer que a figura “professor” perdeu o direito de ser respeitado como se com a liberdade que os alunos receberam tivessem recebido também a possibilidade de destratar o ser humano que está para tentar ajudá-los no conhecimento.
Não sei se há modos de que a sala de aula seja outro ambiente. Ao menos hoje é o que percebo. Já vi outras experiências diferentes desta e gostaria tanto que minhas aulas fluíssem melhor. Às vezes isto me frustra tanto. Parece que sou incapaz de ensinar, de transmitir os conteúdos, de gerar curiosidade, de instigar a vontade de meus alunos em aprender. Mas, provavelmente, tudo isto mude com o tempo ainda que eu jamais encontre respostas aos questionamentos que me faço.
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