02 h/a
Tenho um Plano de Aula para a próxima semana, ou seja, dos planejados para esta não consegui usar um. Minha turma, sem exceções, ou talvez um único aluno, gosta bem de levar bem de levar a aula na brincadeira. E como conversam! Hoje até que foi tranquilo, apesar da falação de sempre.
Engraçado o fascínio como eles têm tanta curiosidade pela vida do professor, querem saber se tenho namorado se sou casada, se tenho filhos, perguntas deste tipo. Natural que responda as que não são muito íntimas, assim evita ficarem perguntando a cada aula que dou.
Não sei se na 6ª série eles já deveria ter ouvido falar de sintaxe, também não me lembro da minha época, então quando esta palavra surgiu no conteúdo que estávamos tratando vieram as perguntas sobre o significado. O que me chama a atenção é que aqueles que perguntam, em geral, são para os quais mais peço para fazer silêncio e são, também, os que respondem ao que pergunto. Aliás, vêm até a frente da sala para responder no temor ou vergonha de falar errado. Parece que não querem que os colegas riam caso digam algo equivocado. Também vejo que não estão muito acostumados a tentar participar das aulas, argumentar, refletir. Até ouvi alguém dizer que pensar seria difícil.
Hoje, também, foi um dia diferente, pois me senti à vontade na sala. Preciso tentar explicar; era como se aquele lugar não fosse tão hostil. Ocorre agora um pensamento: uma aluna não foi à aula. Daquelas desafiadoras, que responde em tom grosseiro a qualquer momento que se peça para ficar quieta. Seria a ausência dela que contribuiu para me sentir mais à vontade? Ou será outro motivo? É um receio de professor iniciante o fato de sentir-se desafiado e de repente não conseguir cativar os alunos.
Também lembrei que logo que cheguei disseram que a aula seria de Matemática, não sei por que causa, mas a aula mudou de horário hoje de novo e eu já havia me prevenido e ido mais cedo por esse motivo. Assim que entrei na sala já fui apagando o quadro e começando a escrever um poema previsto para a quarta-feira. Com os conteúdos passados parti para sanar as dúvidas. Surgiram perguntas e reclamações também, mas estas oriundas do Eryk, que diz preferir matemática. Combinei que se na segunda-feira a sala de audiovisual estiver livre iremos para lá assistir poemas recitados. Tenho em mente que eles possam perceber a entonação do momento em que se recitam poemas, observando também sons, ritmo, rima, etc. Se gostarão já é subjetivo demais para eu desejar, mas no mínimo é uma tentativa de sensibilizá-los.
Quando me imaginei no estágio pensei em ter a mesma turma do semestre passado, que foi apenas observação de aulas. Estágio realizado em uma turma de 7ª série, com alunos de no mínimo 12 anos. Agora, na prática são mais novos e o medo veio forte, apesar de eu já ter feito dois estágios na época da Pedagogia com turmas de 3ª e 4ª série. O medo veio sem eu ter noção do motivo. Ter uma turma com mais de 25 alunos, todos (pré) adolescentes, em uma fase de muita inquietação e, provavelmente sem hábitos de leitura regular e chegar propondo um trabalho que vai gerar a produção de poemas, no mínimo faz com que eu pense: - eles vão querer me mandar embora. Por enquanto ainda não chegou a ser minha dos sonhos nem sei se conseguirei. Qual deve ser minha postura? Existe uma postura que revele um bom professor? Há uma forma de cativar os alunos para que apenas um silêncio faça-os silenciar também? Tenho tanta dúvida e pouquíssimas tentativas de resposta. Espero encontrar ao menos uma até o final do estágio.
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