Aula 03

02/06/2010

Demorou, mas aí está ela.


Data da aula: 26 de maio

O que é fazer um plano de aula? Pois bem, pelo que sei é planejar a aula a ser dada no dia, seu objetivo, estratégias, conteúdos a serem trabalhados. Até aqui tudo bem, não creio que seria ou serei contrariada. Minhas aula do estágio demoraram a gerar Planos ou talvez eu tenha demorado a conseguir me ver planejando algo sobre uma hipótese, isto é, sem imaginar como seria a recepção dos alunos ao que preparei para aquele momento.

Depois de superar este melindre eu consigo pensar a aula para a semana seguinte, ainda que antes de passar para o Plano propriamente dito. Mas há uma situação que pareceu (e pode parecer) conflitante: pensar o que se vai fazer em 2h/a sem que sobre ou falte tempo. Em situação de sobra é complicado, pois é necessário ter um Plano B e eis o que pensar: que fazer no tempo que falta até tocar o sinal? Já no caso da falta de tempo surgem as questões sobre o fato de o professor ter imaginado conteúdo demais ou então, o mais provável, a perda líquida do tempo no pedir silêncio, no organizar a turma, no explicar uma, duas, três vezes a proposta para a classe, etc. Este debate interno deve passar a muitos professores e imagino que a maioria das minhas colegas de estágio se enchem destas perguntas relacionadas à prática didático-pedagógica.

Outra vez o Mural não saiu e o que eu poderia fazer? Não sei, ainda não descobri a resposta. Acontece que percebo que meus alunos estão presos à ideia de professor máquina de gramática que só escreve e escreve, sempre sobre regras que os alunos sempre esquecem. Entender o que se fala parece difícil. Quando eu falei que queria um poema, acreditaram que era um trabalho com vários deles. Mais que isso, duas meninas chegaram a entregar folhas com diversos poemas, mas só. Apenas os poemas e pouca biografia de um ou dois poetas. Não foi o que pedi e olha que falei várias vezes, para que não houvesse confusão. Resolvi pedir de novo (por escrito no quadro) que busquem um poema a seu gosto e caso não levem, desisto das tentativas. Naturalmente, já estou pensando em uma atividade substitutiva, pois devo prever que meus alunos esqueçam o poema (isto para ser um pouco generosa, porque às vezes parece-me que eles não se importam com minhas aulas).

Outro tópico: durante uns 15 ou 20 minutos trabalhamos em dupla e, até que não foi tão terrível a organização da sala, mas infelizmente ler os poemas Mar português (Fernando Pessoa) e Soneto 11 (Camões) foi muito complicado, quase impossível. Quanto às observações que eu gostaria que eles fizessem sobre o “objeto” que tinham em mãos, quais eram perceber ritmo, rimas, estrofação, versos e sonoridade, esta parte ficou completamente perdida. Vou dar um desconto porque já estávamos ao final da aula, porém se o plano não andou direito, creio que adiar é o jeito. E assim terei de fazer. E, consequentemente, os planos futuros deverão encaixar espaço para o que não foi contemplado. Este é um dilema: sabermos que devemos fazer, idealizamos como poderia ser, mas isto não garante que de fato vá acontecer.

Uma pergunta norteadora de reflexão: foi Eryk quem, após eu ter passado no quadro alguns conceitos relacionados ao poema, perguntou: - Dona Michele, a senhora vai dar Português agora? Para mim não foi espanto imenso, mas confesso foi nada confortável a indagação. Minha resposta foi um tanto perdida (suponho eu), limitando-me a perguntar: - Em que idioma está escrito o que passei? Não foi por estar desorientada que a evasiva se deu no lugar ao que deveria ser uma resposta plausível e, sim, porque precisei pedir silêncio de novo e aí se perdeu o assunto.

O que me intriga é a contradição. Quando perguntei (lá nas observações) se gostavam de Português, disseram “NÃO” (claro, que não foi a maioria), imagino que pelas regras a memorizar, entretanto na mudança do trabalho com a Língua Materna parecem acreditar que não é Português o que estão estudando e mais, se é Literatura, não é Português. Por que a aula de Língua Portuguesa deve ser sempre presa à memorização de regras? Não dá para fazer diferente? Por quê?

Não posso querer que seja fácil, mas como complica meu pensamento essa tentativa de ser inovadora, pensar que estou fazendo errado e não querer ser repetidora de conteúdos a alunos receptáculos de conceitos. Oh, dilema!


(Aceito sugestões e links para artigos que tentem resolver as questões elencadas)
Bom feriado e final de semana prolongado a todos.

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