Aula 09

19/06/2010


11 de junho
sexta-feira – 02 horas/aula

Sexta-feira e os dois últimos períodos de aula. Já se imagina que estarão todos agitados.
Hoje foi o dia da visita da minha orientadora. Dia de avaliação minha, ansiedade maior da minha regente. A primeira vez que fiz estágio em turma dela também foi a primeira vez que ela teve estagiário. E agora que é de prática e é preciso observação do orientador de estágio foi novidade para ela. Mas, creio que depois ficou tranquilo.
Quanto a mim, tentei não demonstrar insegurança, mas a sensação de ter alguém na sala para avaliar a forma como atuamos na função de professor.
Cada passo, cada palavra, gesto ou olhar que damos parecem estar condicionados à presença de alguém ali. Depois de certo período relaxamos um pouco, mas ainda assim continuamos a pensar se estamos fazendo as coisas “certas”. (Entre aspas porque certo e errado são conceitos demais abstratos e relativos).
Com a professora titular na sala eu não me sinto insegura. Ela é uma pessoa tranquila e trabalhar nas turmas dela é bom. Ela não interfere na nossa aula como em uma experiência que tive. Cabe contar para contextualizar. Uma vez, quando fiz estágio em outra escola, numa turma de 4ª série (2006), a professora interferia no andamento da aula. Queria que as perguntas tivessem resposta pronta nos textos e ficava falando na frente dos alunos que seria bom eu já preparar o conteúdo no caderno duas ou três semanas antes, como se uma aula fosse estático, além de decidir o que era para eu levar e me dar perguntas de memorização para passar aos alunos. Com isto, eu quero mostrar que hoje sinto muito tranquila na escola em que faço estágio, pois temos acesso à biblioteca e demais recursos que precisarmos, e voltando à titular da turma, ela foi muito receptiva à proposta.
Não sei se outra professora deixaria um estagiário entrar em sua sala e não sistematizar o conteúdo gramatical. Posso dizer que ganhei na loteira, porque a Cláudia permitiu que fizéssemos um trabalho diferente e quando ela me falou dos conteúdos esta semana não foi em tom de cobrança. Pareceu-me colaboração, disto sim posso dizer.
Agora voltando a parte de eu estar sendo observada. Dá a sensação de que sou muito insegura (e sou mesmo). Eu gostaria de ter melhores resultados nesta aula e outra vez o problema da conversa e agitação. Tenho um aluno que atrapalha a aula com quem quer se ele esteja fazendo trabalho. Há outro que o tempo todo fica de socos e pontapés. Assim não dá pra querer, né?
Levei folhas para os grupos formados na aula anterior. Imaginava (ingênua) que eles trabalhariam em conjunto melhor do que sozinhos, mas há quem faça o que se pede e quem nada faz. Havia nas folhas quadrinhas e pequenos poemas faltando palavras para eles completarem com palavras que rimassem. Eles levaram quase todas as duas aulas para a atividade e eu precisei interromper dizendo que escrevessem um poema do grupo. A ideia era de depois que terminassem passassem a outro grupo para que fossem avaliados pelos colegas. Eram seis grupos: consegui um poema bem elaborado e outro que pode ser melhorado. Dá 33% de chances. É neste percentual que preciso focar, uma vez que faltam apenas 02 horas/aula do tempo estimado para o estágio. Então, segunda-feira será dia de trabalho exaustivo.
Óbvio, não será em grupo. Talvez em duplas, mas ainda preciso considerar isto. Sobre os grupos de muitos integrantes minha orientadora disse que o ideal seriam grupos menores. Pois é, não existe uma receita de como dar aula, porque se houvesse uma que fosse estaríamos todos tentando aplicá-la e correndo o risco de errar, porque a heterogeneidade que compõe uma turma de determinada escola é o que basicamente diz que não há prática única para os mais diversos ambientes e formações sociais em que atuaremos.

O que me deixou contente foi a minha orientadora ter dito que em três semanas não há como eu me exigir todos os resultados que espero e, também, que tenho uma boa relação com os alunos, o que é bom, pois ajuda.
Na próxima semana preciso correr contra o tempo para a produção dos textos que farão parte do livro de poemas da turma. Se (sempre o se) tivesse havido mais comprometimento dos meus alunos com sua educação estaríamos com o trabalho adiantado, mas não. Como dizem, não se pode ter tudo que se quer, então o jeito é aceitar o que se apresenta. Com isto concluo que o tal CD com os poemas que ainda deverão ser escritos não vai sair.
Certas decepções de estágio e de primeiros anos de docência tendem a estragar nossa visão. Embaçam a vontade de mudar o mundo e isto não quer dizer que desistimos, somente que a esperança está enferma. Talvez se recupere, talvez morra. Tudo é questão de como será tratada a educação (em sentido amplo) daqui pra frente. Se bem que diziam isto quando entrei na escola, não é? Está piorando. E isto me entristece.


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