Aula 09

19/06/2010

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11 de junho
sexta-feira – 02 horas/aula

Sexta-feira e os dois últimos períodos de aula. Já se imagina que estarão todos agitados.
Hoje foi o dia da visita da minha orientadora. Dia de avaliação minha, ansiedade maior da minha regente. A primeira vez que fiz estágio em turma dela também foi a primeira vez que ela teve estagiário. E agora que é de prática e é preciso observação do orientador de estágio foi novidade para ela. Mas, creio que depois ficou tranquilo.
Quanto a mim, tentei não demonstrar insegurança, mas a sensação de ter alguém na sala para avaliar a forma como atuamos na função de professor.
Cada passo, cada palavra, gesto ou olhar que damos parecem estar condicionados à presença de alguém ali. Depois de certo período relaxamos um pouco, mas ainda assim continuamos a pensar se estamos fazendo as coisas “certas”. (Entre aspas porque certo e errado são conceitos demais abstratos e relativos).
Com a professora titular na sala eu não me sinto insegura. Ela é uma pessoa tranquila e trabalhar nas turmas dela é bom. Ela não interfere na nossa aula como em uma experiência que tive. Cabe contar para contextualizar. Uma vez, quando fiz estágio em outra escola, numa turma de 4ª série (2006), a professora interferia no andamento da aula. Queria que as perguntas tivessem resposta pronta nos textos e ficava falando na frente dos alunos que seria bom eu já preparar o conteúdo no caderno duas ou três semanas antes, como se uma aula fosse estático, além de decidir o que era para eu levar e me dar perguntas de memorização para passar aos alunos. Com isto, eu quero mostrar que hoje sinto muito tranquila na escola em que faço estágio, pois temos acesso à biblioteca e demais recursos que precisarmos, e voltando à titular da turma, ela foi muito receptiva à proposta.
Não sei se outra professora deixaria um estagiário entrar em sua sala e não sistematizar o conteúdo gramatical. Posso dizer que ganhei na loteira, porque a Cláudia permitiu que fizéssemos um trabalho diferente e quando ela me falou dos conteúdos esta semana não foi em tom de cobrança. Pareceu-me colaboração, disto sim posso dizer.
Agora voltando a parte de eu estar sendo observada. Dá a sensação de que sou muito insegura (e sou mesmo). Eu gostaria de ter melhores resultados nesta aula e outra vez o problema da conversa e agitação. Tenho um aluno que atrapalha a aula com quem quer se ele esteja fazendo trabalho. Há outro que o tempo todo fica de socos e pontapés. Assim não dá pra querer, né?
Levei folhas para os grupos formados na aula anterior. Imaginava (ingênua) que eles trabalhariam em conjunto melhor do que sozinhos, mas há quem faça o que se pede e quem nada faz. Havia nas folhas quadrinhas e pequenos poemas faltando palavras para eles completarem com palavras que rimassem. Eles levaram quase todas as duas aulas para a atividade e eu precisei interromper dizendo que escrevessem um poema do grupo. A ideia era de depois que terminassem passassem a outro grupo para que fossem avaliados pelos colegas. Eram seis grupos: consegui um poema bem elaborado e outro que pode ser melhorado. Dá 33% de chances. É neste percentual que preciso focar, uma vez que faltam apenas 02 horas/aula do tempo estimado para o estágio. Então, segunda-feira será dia de trabalho exaustivo.
Óbvio, não será em grupo. Talvez em duplas, mas ainda preciso considerar isto. Sobre os grupos de muitos integrantes minha orientadora disse que o ideal seriam grupos menores. Pois é, não existe uma receita de como dar aula, porque se houvesse uma que fosse estaríamos todos tentando aplicá-la e correndo o risco de errar, porque a heterogeneidade que compõe uma turma de determinada escola é o que basicamente diz que não há prática única para os mais diversos ambientes e formações sociais em que atuaremos.

O que me deixou contente foi a minha orientadora ter dito que em três semanas não há como eu me exigir todos os resultados que espero e, também, que tenho uma boa relação com os alunos, o que é bom, pois ajuda.
Na próxima semana preciso correr contra o tempo para a produção dos textos que farão parte do livro de poemas da turma. Se (sempre o se) tivesse havido mais comprometimento dos meus alunos com sua educação estaríamos com o trabalho adiantado, mas não. Como dizem, não se pode ter tudo que se quer, então o jeito é aceitar o que se apresenta. Com isto concluo que o tal CD com os poemas que ainda deverão ser escritos não vai sair.
Certas decepções de estágio e de primeiros anos de docência tendem a estragar nossa visão. Embaçam a vontade de mudar o mundo e isto não quer dizer que desistimos, somente que a esperança está enferma. Talvez se recupere, talvez morra. Tudo é questão de como será tratada a educação (em sentido amplo) daqui pra frente. Se bem que diziam isto quando entrei na escola, não é? Está piorando. E isto me entristece.


Aula 08

18/06/2010

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09/06/2010 - quarta-feira - 02 horas aula

   Seguindo as orientações, hoje pedi à turma que se organizasse em grupos. Antes de pedir a escrita de quadrinhas entreguei folhas em branco para cada grupo para que fizessem perguntas. Deveriam ser 03 perguntas elaboradas por grupo. Depois disto passei as folhas a grupos diferentes para que tentassem responder as perguntas feitas pelos colegas. Notei a grande dificuldade de leitura e interpretação, pois de todo material que já vimos houve confusão na elaboração do proposto. Uma das alunas perguntou se as perguntas do seu grupo serviam, mas quando vi entendi que eles se confundiram. Mostraram-me duas questões que retiraram ao poema Nome da gente (de Pedro Bandeira), questões estas que faziam parte do texto, mas que não teriam uma resposta. Daí eu pude compreender que preciso “cutucá-los” para que encontre os vazios do texto (ISER, 1996) e a partir disto buscarem maneiras de responderem àquilo que lhes parece mais difícil.
   Disse a eles que tentassem responder às questões e deixassem em branco aquelas que não conseguissem encontrar uma forma de fazê-lo. Para as que ficaram em branco vou analisar e responder a eles em outra aula.
   Finda a primeira parte da aula, partimos para a escrita de quadrinhas (no quadro, pois faltou tempo de cumprir o previsto para a aula do dia 07). Noto que é necessário instigar essa turma. Falta-lhes jogar com as palavras, desacomodarem a visão de que a aula de Português é para memorização de regras gramaticais e cópia de conteúdos e exercícios do quadro. Sim, é claro que deve-se sistematizar os assuntos e exercitar seu uso, mas a escrita precisa ganhar espaço, principalmente porque é o USO DA LÍNGUA. Através da produção textual o aluno poderá verificar os usos gramaticais e a ortografia.
   Sei que para o que eu gostaria é preciso tempo e o estágio vai, apenas, cumprir uma pequena parte do ano letivo. Então o único que eu espero é poder semear uma ideia: mostrar para minha turma que ler poemas é um bom começo para serem bons leitores.
   O trabalho em grupo não diminuiu a conversa, mas serviu para os alunos pensarem um pouco sobre o tema central do meu projeto: o poema. Surgiram dúvidas pontuais, as quais tentei ajudá-los em cada grupo. E aqui seguem algumas delas:
  • A primeira a dizer não é bem uma dúvida e, sim, uma observação que faço sobre o problema que apresentaram para elaborar questões. Precisei intervir em todos os grupos dizendo-lhes como, mais ou menos, precisariam agir sobre os textos que têm no caderno. Foi necessário conversar com eles a respeito do que eu esperava que fizessem.
  • Um dos grupos fez a pergunta “O que é fragmento de uma poesia?”. Neste caso percebo que eu vou ter que explicar-lhes o significado da palavra fragmento. Não expliquei sobre ela no dia em que a usei, até porque ninguém perguntou. Pode ter sido falta de sensibilidade minha não fazer, mas eu não teria como saber se conhecem esta palavra.
  • Outro ponto a esclarecer com a turma na próxima aula é sobre uma pergunta que este mesmo grupo fez: “Quem foi o maior poeta brasileiro?” O grupo que respondeu as questões confundiu poetas portugueses e brasileiros, mesmo que eu tenha contado que Fernando Pessoa e Florbela Espanca são portugueses. Também ficou confusa sobre essa questão a ideia de que haja um poeta de maior relevância para a Literatura Brasileira. Sobre isto preciso aclarar os pontos de vista.
  • E para terminar as dúvidas pontuais quero citar a pergunta que me fez um aluno. Queria saber o que é o eu-lírico, e tivemos uma boa conversa sobre o tema. Não foi um ato de explicação apenas. Foi um intercâmbio de pensamentos, onde eu expunha a respeito e ele ia compondo o significado com suas respostas, com os conceitos que ia criando. Foi um momento em que eu me senti muito feliz.
   Outro momento especial da aula de hoje (e comentei com minha regente) foi quando dentro de uma explanação para dois alunos (não lembro agora a pergunta) o assunto foi encaminhado até eu contar sobre Os Lusíadas e A Ilíada. Ah, lembrei, a pergunta era sobre quantas estrofes pode haver em um poema. O interesse que eles demonstraram em ouvir foi bastante confortante, mostrando um caminho que eu gostaria de ter encontrado no início do meu estágio. Tudo bem, dá tempo para tentar corrigir meu erro nas próximas aulas. Encontrei um modo de fazer interessante o que falo em aula. Ao menos com essa turma. Sendo mais exata: com alguns alunos.
   O que me intriga é o fato de sendo uma única pessoa me transformar em várias par conseguir me adaptar a certa situações em aula. Viro atriz, contadora de história, cantora (talvez), investigadora, perguntadora, historiadora e até palhaça, por que não? Há momentos em que até nisto nos tornamos, porque precisamos encontrar caminhos que façam nossa aula algo mais atrativo. Mas, é isso. Se precisamos, fazemos, ou ao menos tentamos.
 
Referência:
ISER, W. 1996. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. São Paulo, Ed.34, 191 p.
 
P.S.: Existem perguntas que serão sempre um ponto de interrogação, pois não existe uma receita exata para dar aulas. Fica tudo na intuição. Em colocar em prática teorias que baseiam nossos pressupostos e nos ajudam a refletir sobre o objeto de estudo. Às vezes penso que o mundo está virado de pernas pro ar, usando metáforas, porque o mundo jamais teve pernas. Mas, é o seguinte, eu posso ser sonhadora, uma idealizadora insana que acredita ser capaz de plantar uma semente no terreno (in)fértil que é o da educação. Os papéis parecem invertidos: professor tem pouco direito a voz, aluno com direito a não pronunciar uma única palavra. É tão louco isso, lembrar que os alunos de hoje serão os trabalhadores, políticos, médicos, advogados, etc. de amanhã. Quando penso nisto me assusta imaginar que por mais que tenhamos boa vontade notamos uma juventude sem vontade de ser melhor como ser humano, como cidadão. Grande parte da minha turma gosta de brincar o tempo todo, de jogar bolinhas de papel, dar soco no colega, falar bobagens, e quando se pergunta algo importante ficam com "cara de paisagem", fugindo de qualquer iniciativa de se começar um debae sobre um assunto que servirá para seu conhecimento. Sabe, é decepcionante ver alunos de 14 e 15 anos agindo como crianças de 05. Mais decepcionante ainda é ter em aula uma aluna de 14 anos, moça toda arrumada, filha de professora, que não leva a aula a sério. O que será que ela pensa para seu futuro? Da turma ela é a menina que tem as atitudes mais infantis. Uma turma composta de muitos iguais apesar de diferentes. Há os raros chamados CDF, há os interessados, há os desconcentrados e a maioria, os "To nem aí". Esse parece ser o futuro da educação. Infelizmente.

uma pausa por pura falta de tempo

17/06/2010

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Tive que dar uma pausa nas postagens dos diários reflexivos do meu estágio por pura falta de tempo. Toda vez que estou no computador preciso fazer outras coisas e não sobra tempo para digitar os textos, o que consequentemente, atrasa as postagens. No caderno estão todas bem atualizadas, mas como estas últimas (desde dia 09) são extensas, digitá-las vai demorar.
Comecei a fazer isso hoje, mas parei na metade, afinal de contas quero ir no minicurso da Semana Acadêmica. Prometo dar um jeito de digitar o restante e postar tão logo termine.
Ah, já terminei o estágio...

Bons ventos os levem onde desejam ir.

Aula 07

13/06/2010

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07 de junho -
Segunda-feira – 01 h/a

     A aula deste dia coincidiu com orientação de estágio. Então vamos aos relatos.
     Como venho tendo aulas mais cedo, não tinha certeza se seria mesmo no 5º período, então fui para as 13h30min. Bom, o horário seguiu-se normal, deste modo fui para casa. Não quis ficar por lá até o horário que ia dar minha aula.
     Voltei para a escola uns 25 min. antes do 5º período. Fiquei na sala de professores esperando, então a diretora entrou lá, depois a vice-diretora do turno da manhã. Uma menina parou na porta da sala a esperar e um menino entrou, sentou. A diretora disse para ele esperar, que já iria falar com ele. Neste momento saí da sala porque imaginei que a conversa deveria ser em particular. Há rotinas nas quais o estagiário não faz parte. Creio que esta é uma, pois notei o silêncio e o desvio, quando a diretora dirigiu-se à vice, entrando em um assunto diferente.
     Demorou a tocar o sinal para a minha aula e eu fiquei esperando em um lugar, em que há uma janela de frente para o pátio (bem, isso deveria ser visto por fotos, para ficar claro). Enquanto esperava percebi que meu pensamento se fundia com lembranças. Lembrava do meu tempo de estudante do ensino fundamental (naquela época 1º grau), na escola do Prado Velho. Já se vão mais de 20 anos que entrei na escola, que não tinha a estrutura física que tem minha escola de estágio. Também a lembrança de quando o CIEP estava em fase de acabamento, antes do ato inaugural (isto lá em 1992). Nesta época ia com minha mãe, que trabalha na escola.
     Meu olhar vagou pelo pátio e corredor, que se fazia ora silencioso, ora ruidoso. Do corredor onde eu estava (na escada) ouvia conversas de alunos, mesas arrastadas, professora pedindo silêncio. E lá fora, pátio vazio, com seus bancos amarelos, verdes e vermelhos; jogos de amarelinha e tabuleiros de xadrez nas curvas dos bancos. Uma visão pela qual me vem o pensamento inquiridor, querendo saber se no intervalo das aulas (o recreio) os alunos usam algum destes jogos. Poucas vezes observei o recreio e não me lembro se assim faziam.
     Será que em algum momento os alunos pararam para olhar a escola? Para notar a sua beleza? Já pararam para pensar que há momentos que poderiam sentar, ler, conversar, jogar? Uma pergunta em função de muitas vezes ter visto a correria deles pelos vários lugares da escola. Talvez nunca tenham feito, pois nem a Biblioteca eles frequentam.
     O sinal de troca de professores demorou a soar e eu esperava ali fora. De modo que podia ver o que se passava à minha volta, mesmo que nada ocorresse ao redor.
     Ao entrar na sala, ou melhor um pouco antes, deixei uns três alunos irem ao banheiro (sei lá se foram mesmo). A sala parecia vazia, mas era a falta das conversas dos que haviam saído. Tinha previsto/planejado produção de quadrinhas e como diversas vezes: NÃO DEU. Será que, como disse minha orientadora, é insegurança minha? O certo é que em 01h/a, que foi reduzida pelo atraso do sinal e dos ânimos agitados, parece nada.
     Agora eu preciso pensar em como fazer da minha aula um momento atrativo e por alguns motivos como: não dei exercício, poema não é um assunto a que estejam habituados e porque até agora eles não entenderam a função do meu projeto em sua formação. Mas, como conseguir tudo isso? A partir de quarta devo começar a parte da escrita dos poemas e não sei se dará efeito diferente. Tudo bem, todos esses diálogos e conflitos internos estão formando quem sou quem deverei ser após o fim e o recomeço... Digo fim pelo estágio e pela graduação, mas recomeço porque ser professor apenas com as ideias forjadas durante o tempo de faculdade dá uma visão encerrada, enjaulada no passado. Tudo está sempre em constante mudança, viver a cada dia é um novo viver. Prender-se a conceitos é arraigar e descobertas vulnerabilizam toda a sustentação do saber. A educação sistematizada no ambiente escolar não é a mesma da época em que citei aqui.
     Vejo diferente o modo como víamos os professores em nossa época de alunos. E parece que hoje os alunos dizem para nós o que velávamos, isto é, se não gostávamos da disciplina ou do professor isso não era demonstrado diretamente a eles. Também, hoje o professor não é mais um referencial com era há 20 anos, ou pior, como era há uns 30 ou 40 anos. Certo é que os alunos que os alunos tinham pouca liberdade de expressão, mas buscavam conhecer agora existe uma liberdade de expressar-se que ficou confundida com a possibilidade de conversar sobre tudo menos participar do tema proposto para a aula. E sei que é para este público que estou me formando, é para eles que deverei preparar-me.
     Já presenciei situações em que pais ou responsáveis por alguns alunos tiveram de ir até a escola para saber do mau comportamento destes e por fim acabavam justificando tais atitudes, diríamos que defendiam que estes alunos sejam de tal modo. Não sei até onde o professor tem autoridade, e quando digo isto, estou querendo dizer que a figura “professor” perdeu o direito de ser respeitado como se com a liberdade que os alunos receberam tivessem recebido também a possibilidade de destratar o ser humano que está para tentar ajudá-los no conhecimento.
     Não sei se há modos de que a sala de aula seja outro ambiente. Ao menos hoje é o que percebo. Já vi outras experiências diferentes desta e gostaria tanto que minhas aulas fluíssem melhor. Às vezes isto me frustra tanto. Parece que sou incapaz de ensinar, de transmitir os conteúdos, de gerar curiosidade, de instigar a vontade de meus alunos em aprender. Mas, provavelmente, tudo isto mude com o tempo ainda que eu jamais encontre respostas aos questionamentos que me faço.

Aula 06

10/06/2010

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Quarta-feira (02 h/a)

     A aula de segunda surtiu efeito nas meninas. Consegui ganhar a colaboração da Tainara, uma aluna que fala bastante. Ela disse que a aula foi ótima. Na distribuição dos poemas que levei hoje, quando a Tainara viu que o Pattryck tinha pegado o poema “Ismália” (Alphonsus Guimarães), ela conseguiu trocar com ele, dizendo que adorou o texto.
     O complicado de ser professor é conseguir a atenção dos alunos; consegui que eles gostem de estar mesmo tendo que estudar. Parece que acreditam que a escola tem outra função que não a de estudar. Tem momentos que eu gostaria de saber o que eles pretendem porque parece que eles não querem nada com nada, como se fosse inútil tentar dar aulas para eles.
     Agora já é tarde para rever minha escolha: tanto do local de estágio, quanto da profissão. Às vezes penso que sou muito sonhadora, pois noto que por mais que eu deseje uma aula “legal” parece que há cada vez mais obstáculos que me impedem de conseguir.
     É difícil sonhar, ter esperança na educação hoje em dia. Os alunos levam na brincadeira um trabalho que para o professor é sério. Se eu levo poemas para recitarem aos colegas em menos de 15 minutos começa a desordem, e olha que com duas professoras em sala eu esperava que fosse diferente. Os momentos em que ocorre o silêncio são unicamente quando se decide ditar para que copiem. Fora estes há sempre um conversando aqui, outro ali.
     De onde esperar que haja colaboração? Como pensar em uma aula em que os alunos participem sem que vire bagunça? Vivo me perguntando sobre isso. Os textos que falam a respeito mostram as dificuldades encontradas pelos pesquisadores. Parecem ter surgido de situações ideais.
     Não vou dizer que o resultado do meu projeto vai ser nulo porque há as raras exceções (e nelas incluo dois alunos que mais “bagunçaram” na primeira semana) dos que se interessam. Creio, também, que não perceberam que para fazer Literatura é da Língua Portuguesa que precisam, isto é, me parece que não conseguem notar a presença do Português nas aluas que tenho dado. Vou entrar na fase da escrita dos poemas individuais e por isso sei que vai ficar mais confuso ainda, pois vão andar perambulando pela sala. Tudo bem, eu ainda quero acreditar que ser professor é uma boa profissão, que é um ato de amoré de doação.
     Ainda não consigo saber como se faz um professor. De que práticas e de que pensamentos. Não vejo alternativas na educação de hoje. O professor não é mais respeitado, é visto como um adversário a ser batido em uma partida de futebol, já que estamos no clima da Copa. Vejo pais que precisam ir à escola porque seus filhos fizeram algo errado, mas lá, na conversa quem perde a razão é o professor. Os pais defendem seus filhos como se fossem super comportados.
     É triste que venhamos de várias de reflexões sobre políticas e práticas educacionais, sobre a necessidade de mudanças nos paradigmas pedagógicos e nos defrontamos com um quadro de total desrespeito com o ser humano professor, porque embora sejamos vistos como os responsáveis pela quebra da descontração e da conversa, ainda somos os que deveriam orientar, ou melhor, mediar o conhecimento a que se expõem os alunos.
     Sobre hoje: a primeira hora/aula foi boa. Também pudera, foi o momento de ditar. Mas depois, quando fui montar o próximo passo da aula, que era a leitura e escuta de poemas e posterior verificação das rimas e outras características dos poemas, a desordem tomou conta e não há modo de conseguir voltar ao equilíbrio. Em alguns momentos tenho vontade de sair porta afora e não voltar e sei que outras professoras lá gostariam de fazer o mesmo. Minha turma deve ser a mais indisciplinada da escola, no turno da tarde. Pode ser imaturidade, mas me pergunto. Como conseguir que trabalhem sem barulho? Conversar é saudável, eu sei, mas o tempo todo de uma aula atrapalha. Preciso conseguir.
     Sempre haverá problemas, natural que existam e o que percebo é que vou ter de aprender a lidar com eles. Devo me formar para o futuro porque meus alunos jamais serão como na época em que estudei. E daqui um tempo os próximos serão diferentes dos atuais.

Se...

09/06/2010

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... ninguém comenta é porque ninguém lê,
... não sei responder, preciso aprender a perguntar
Se não pratico fico sem a experiência
e vou andando pelos caminhos da vida
quase lembrando se já não esquecida
que há muita distância entre fazer e querer
em perguntar e responder...

Se ninguem comenta talvez seja
porque ainda não leu... e de repente
continuo escrevendo... assim a esmo
dizendo estar a meio termo
minhas lutas com o que sou
e o que ainda virei a ser...

(Isto é para meu blog... e convenhamos, ainda que me digam "não é um poema", tudo bem, não era esta a pretensa intenção desta que vos escreve. São relatos de experiência de uma pessoa e quem sabe um dia servirão para alguma coisa para alguém)

Aula 05

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     Sobre minha aula de hoje o que posso avaliar é que a menos que eu já esteja há tempos na escola, conhecendo toda a rotina, não posso querer imaginar uma aula em que deva usar de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC). E olha que gosto bastante de usar tais meios. Digo isto porque busquei, no You Tube, vários vídeos com poemas diversos e tentei gravar em DVD. Como não consegui, tentei duas outras alternativas: conseguir o datashow da escola, que estava emprestado para outra escola, e a outra alternativa era rodar os vídeos nos computadores da Sala Digital, o que também não deu porque os computadores da escola não têm um aplicativo necessário para apresentação de vídeos. Só consegui apresentar o que pretendia porque levei meu notebook e o senhor do NTE (que não sei o significado da sigla) instalou o datashow que possuem.
     Confesso: foi uma grande mancada, mas serve de lição.
     Com relação ao andamento da aula, posso dizer que foi satisfatório até onde pude verificar. Naturalmente, dois alunos quiseram chamar a atenção, sendo que um deles parou de falar aos ser solicitado. Já quanto a saber como os poemas foram recebidos por eles só na próxima aula. Então é esperar para ver.
Utilizei todo o tempo de 01h/a na apresentação dos vídeos, que traziam poemas como Ismália, Soneto do amor total, Mar português, Ou isto ou aquilo, Canção amiga, dentre outros. A professora me disse que gostou muito da atividade. Creio que se fosse possível ela também gostaria de levar os vídeos para as outras turmas de 6ª série em que ela é regente.

(P.S.: Não refleti muito sobre esta aula, pois como dá para perceber não houve muita interação professor-aluno, em virtude da colocação dos vídeos... então, aguardem a próxima postagem)

Aula 04

04/06/2010

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Dia 28 de maio
02 h/a

     Tenho um Plano de Aula para a próxima semana, ou seja, dos planejados para esta não consegui usar um. Minha turma, sem exceções, ou talvez um único aluno, gosta bem de levar bem de levar a aula na brincadeira. E como conversam! Hoje até que foi tranquilo, apesar da falação de sempre.
     Engraçado o fascínio como eles têm tanta curiosidade pela vida do professor, querem saber se tenho namorado se sou casada, se tenho filhos, perguntas deste tipo. Natural que responda as que não são muito íntimas, assim evita ficarem perguntando a cada aula que dou.
     Não sei se na 6ª série eles já deveria ter ouvido falar de sintaxe, também não me lembro da minha época, então quando esta palavra surgiu no conteúdo que estávamos tratando vieram as perguntas sobre o significado. O que me chama a atenção é que aqueles que perguntam, em geral, são para os quais mais peço para fazer silêncio e são, também, os que respondem ao que pergunto. Aliás, vêm até a frente da sala para responder no temor ou vergonha de falar errado. Parece que não querem que os colegas riam caso digam algo equivocado. Também vejo que não estão muito acostumados a tentar participar das aulas, argumentar, refletir. Até ouvi alguém dizer que pensar seria difícil.
     Hoje, também, foi um dia diferente, pois me senti à vontade na sala. Preciso tentar explicar; era como se aquele lugar não fosse tão hostil. Ocorre agora um pensamento: uma aluna não foi à aula. Daquelas desafiadoras, que responde em tom grosseiro a qualquer momento que se peça para ficar quieta. Seria a ausência dela que contribuiu para me sentir mais à vontade? Ou será outro motivo? É um receio de professor iniciante o fato de sentir-se desafiado e de repente não conseguir cativar os alunos.
     Também lembrei que logo que cheguei disseram que a aula seria de Matemática, não sei por que causa, mas a aula mudou de horário hoje de novo e eu já havia me prevenido e ido mais cedo por esse motivo. Assim que entrei na sala já fui apagando o quadro e começando a escrever um poema previsto para a quarta-feira. Com os conteúdos passados parti para sanar as dúvidas. Surgiram perguntas e reclamações também, mas estas oriundas do Eryk, que diz preferir matemática. Combinei que se na segunda-feira a sala de audiovisual estiver livre iremos para lá assistir poemas recitados. Tenho em mente que eles possam perceber a entonação do momento em que se recitam poemas, observando também sons, ritmo, rima, etc. Se gostarão já é subjetivo demais para eu desejar, mas no mínimo é uma tentativa de sensibilizá-los.
     Quando me imaginei no estágio pensei em ter a mesma turma do semestre passado, que foi apenas observação de aulas. Estágio realizado em uma turma de 7ª série, com alunos de no mínimo 12 anos. Agora, na prática são mais novos e o medo veio forte, apesar de eu já ter feito dois estágios na época da Pedagogia com turmas de 3ª e 4ª série. O medo veio sem eu ter noção do motivo. Ter uma turma com mais de 25 alunos, todos (pré) adolescentes, em uma fase de muita inquietação e, provavelmente sem hábitos de leitura regular e chegar propondo um trabalho que vai gerar a produção de poemas, no mínimo faz com que eu pense: - eles vão querer me mandar embora. Por enquanto ainda não chegou a ser minha dos sonhos nem sei se conseguirei. Qual deve ser minha postura? Existe uma postura que revele um bom professor? Há uma forma de cativar os alunos para que apenas um silêncio faça-os silenciar também? Tenho tanta dúvida e pouquíssimas tentativas de resposta. Espero encontrar ao menos uma até o final do estágio.

Adooooro

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" Sonetos do Incontentado "
IV

Não conheço o teu nome. Sei que existes
fora de mim, nalgum lugar estranho,
onde não chegam nunca os brados tristes
de quem perdeu no tempo o seu rebanho.

Na legenda das horas te pressinto
e te veio no abismo que transponho.
(Só o lume do amor não foi extinto
no desespero em que perdi meu sonho.)


Vives nas tardes, para além dos montes,
incendiando rios de horizontes
e ampliando frustrações dentro de mim.


Só eu e a solidão te conhecemos
no longo exílio desses dois extremos
e nesta espera que não tem mais fim.

Gilberto de Mendonça Teles,

Bela Vista de Goiás, Goiás, (1931).
in
"Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou"
J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. 1963

Fonte: http://www.jgaraujo.com.br/belossonetos1/gilberto_mendonca_sonetos_incontentado.htm
Para biografia deste autor clique aqui

Aula 03

02/06/2010

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Demorou, mas aí está ela.


Data da aula: 26 de maio

O que é fazer um plano de aula? Pois bem, pelo que sei é planejar a aula a ser dada no dia, seu objetivo, estratégias, conteúdos a serem trabalhados. Até aqui tudo bem, não creio que seria ou serei contrariada. Minhas aula do estágio demoraram a gerar Planos ou talvez eu tenha demorado a conseguir me ver planejando algo sobre uma hipótese, isto é, sem imaginar como seria a recepção dos alunos ao que preparei para aquele momento.

Depois de superar este melindre eu consigo pensar a aula para a semana seguinte, ainda que antes de passar para o Plano propriamente dito. Mas há uma situação que pareceu (e pode parecer) conflitante: pensar o que se vai fazer em 2h/a sem que sobre ou falte tempo. Em situação de sobra é complicado, pois é necessário ter um Plano B e eis o que pensar: que fazer no tempo que falta até tocar o sinal? Já no caso da falta de tempo surgem as questões sobre o fato de o professor ter imaginado conteúdo demais ou então, o mais provável, a perda líquida do tempo no pedir silêncio, no organizar a turma, no explicar uma, duas, três vezes a proposta para a classe, etc. Este debate interno deve passar a muitos professores e imagino que a maioria das minhas colegas de estágio se enchem destas perguntas relacionadas à prática didático-pedagógica.

Outra vez o Mural não saiu e o que eu poderia fazer? Não sei, ainda não descobri a resposta. Acontece que percebo que meus alunos estão presos à ideia de professor máquina de gramática que só escreve e escreve, sempre sobre regras que os alunos sempre esquecem. Entender o que se fala parece difícil. Quando eu falei que queria um poema, acreditaram que era um trabalho com vários deles. Mais que isso, duas meninas chegaram a entregar folhas com diversos poemas, mas só. Apenas os poemas e pouca biografia de um ou dois poetas. Não foi o que pedi e olha que falei várias vezes, para que não houvesse confusão. Resolvi pedir de novo (por escrito no quadro) que busquem um poema a seu gosto e caso não levem, desisto das tentativas. Naturalmente, já estou pensando em uma atividade substitutiva, pois devo prever que meus alunos esqueçam o poema (isto para ser um pouco generosa, porque às vezes parece-me que eles não se importam com minhas aulas).

Outro tópico: durante uns 15 ou 20 minutos trabalhamos em dupla e, até que não foi tão terrível a organização da sala, mas infelizmente ler os poemas Mar português (Fernando Pessoa) e Soneto 11 (Camões) foi muito complicado, quase impossível. Quanto às observações que eu gostaria que eles fizessem sobre o “objeto” que tinham em mãos, quais eram perceber ritmo, rimas, estrofação, versos e sonoridade, esta parte ficou completamente perdida. Vou dar um desconto porque já estávamos ao final da aula, porém se o plano não andou direito, creio que adiar é o jeito. E assim terei de fazer. E, consequentemente, os planos futuros deverão encaixar espaço para o que não foi contemplado. Este é um dilema: sabermos que devemos fazer, idealizamos como poderia ser, mas isto não garante que de fato vá acontecer.

Uma pergunta norteadora de reflexão: foi Eryk quem, após eu ter passado no quadro alguns conceitos relacionados ao poema, perguntou: - Dona Michele, a senhora vai dar Português agora? Para mim não foi espanto imenso, mas confesso foi nada confortável a indagação. Minha resposta foi um tanto perdida (suponho eu), limitando-me a perguntar: - Em que idioma está escrito o que passei? Não foi por estar desorientada que a evasiva se deu no lugar ao que deveria ser uma resposta plausível e, sim, porque precisei pedir silêncio de novo e aí se perdeu o assunto.

O que me intriga é a contradição. Quando perguntei (lá nas observações) se gostavam de Português, disseram “NÃO” (claro, que não foi a maioria), imagino que pelas regras a memorizar, entretanto na mudança do trabalho com a Língua Materna parecem acreditar que não é Português o que estão estudando e mais, se é Literatura, não é Português. Por que a aula de Língua Portuguesa deve ser sempre presa à memorização de regras? Não dá para fazer diferente? Por quê?

Não posso querer que seja fácil, mas como complica meu pensamento essa tentativa de ser inovadora, pensar que estou fazendo errado e não querer ser repetidora de conteúdos a alunos receptáculos de conceitos. Oh, dilema!


(Aceito sugestões e links para artigos que tentem resolver as questões elencadas)
Bom feriado e final de semana prolongado a todos.