Tudo porque não estás aqui

12/10/2010

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Eu queria que o sol tivesse o mesmo brilho de quando o verão enche a praia de cores e sorrisos. Então eu não pensaria na falta que me fazes a cada partida, levando junto brilho do sol como em um entardecer.

Eu queria que a lua tivesse sempre o mesmo clarão de quando está cheia e encanta os apaixonados que caminham sob o manto de estrelas que cobre o céu. Então eu não pensaria na falta que me fazes a cada telefonema que não posso dar, como o som que a chuva deixa, apenas a sinfonia das gotas de chuva a fazerem-se o som da minha noite vazia. 

Eu queria emprestado o perfume que as flores emprestam à primavera e ornar de cores meu quarto e todo espaço que se enche com a lembrança do teu olhar. Então eu não pensaria no vazio que preenche cada canto que deveria estar repleto de cores vivas.

Eu queria a canção de amor mais bonita que existe no mundo para quebrar o silêncio que se faz tão assustador e frio neste fim de tarde em que não estás aqui. Então eu bailaria como pluma no vento, suavemente por todos cômodos da casa, sem sentir meu corpo cansar.

Eu queria os acordes do teu violão... Então eu entenderia que a música é a voz da alma dizendo em notas e tons que a beleza do amor se faz pela presença, não pela falta e te sentiria mais forte, porque estás em mim, em meu pensamento.

Eu queria o toque da seda pura em minha pele, um toque que acalma o desejo e logo depois o reacende. Então eu me sentiria flutuar no mundo dos meus sonhos... todos aqueles sonhos que nunca ousei sequer imaginar.

Eu queria o nome do teu herdeiro, o rostinho dele em meu colo. Queria encontrar a paz desse ritual de mãe a afagar um filho sob o olhar de ternura do pai. Então eu esqueceria que houveram dores até chegar esse momento de encantamento recíproco.

Eu queria teu abraço ao acordar assustada em plena madrugada, sentir a força protetora que existe neste toque. Então eu saberia que sempre estive esperando por esse momento e que ele, enfim, um dia chegou.

Eu queria a alegria de reencontrar a esperança perdida, adormecida em virtude de tantas quedas, poder saber que meu olhar no horizonte não está só, que há um outro olhar ao meu lado, a mirar na mesma direção... a contemplar o mesmo sol se pondo e que neste instante me faz acreditar em milagres. Então eu não precisaria sentir o aperto forte, o nó na garganta que me faz chorar... tudo porque estando longe de meus braços o vazio me faz pensar inda mais em ti... tudo porque não estás aqui.  



Ao terminar o texto estava ouvindo. Se quiser ouvir também, vai lá... 

achados

10/10/2010

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Guardando um material do 1º semestre encontrei dois textos que escrevi (enquanto me distraía das aulas). Estão abaixo: 

Longe da espera que traz a noite
Vou compondo versos de silêncio
Como encantada por teus olhos
Que me lembro agora, como ontem

Venho da distância do passado
Na incerteza do que virá por ti
Refazendo o caminho de volta
para um sentimento que nunca perdi

Sinto a saudade inda inquietante
No 'galopar' sôfrego das horas
Permaneço calada por mais um instante
Enquanto fica a lembrança que aflora

A noite faz-se espera de calor
Para uma vida inteira
E chega devagar com teus passos
Assim, como da vez primeira.
(15 de junho/2007)



 


JOGOS

Esta é a grande e ilógica verdade
Nem sempre se perde
Não há jogo sem vencedor
mas, sei perder de mim
a razão do que não sou

Entre histórias quase esquecidas
engavetadas no fundo da alma
há derrotas de um passado
em que não houve um perdedor
e aquele que ganhou
da vitória não sentiu sabor

Não há sentido nem razão
de repende quem perde é vencedor
pois, das dores que amortecem
os sonhos do coração
restam-me lembranças
que nunca me deixam
e se não tivesse essas lembranças
saberia que teria vivido em vão

E neste jogo sem jogador
não há velhas histórias
Tornam-se novas quando retornam
num relance da memória
e de todas as minhas derrotas
não me perder de mim
foi minha maior vitória...
(22 de junho/2007)